Grupo WhatsApp

Mudança na ISO 9001 leva empresas a colocar mudanças climáticas em pauta

Mudança na ISO 9001 leva empresas a colocar mudanças climáticas em pauta

30/08/2024 Plinio Pereira

A mudança é uma oportunidade para as empresas revisarem os seus sistemas de gestão da qualidade.

Diante dos desafios climáticos globais, a Organização Internacional de Padronização (ISO) e o Fórum Internacional de Acreditação (IAF) publicaram, em fevereiro passado com aplicação imediata, a Emenda 1, com o objetivo de atualizar os requisitos das normas em relação ao contexto atual e futuro das organizações, em relação às mudanças climáticas.

O texto foi integrado a 31 padrões de sistema de gestão existentes, incluindo ISO 9001 (Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão Ambiental) e ISO 45001 (Saúde e Segurança Ocupacional), entre outros. A emenda é sucinta, mas profunda, com duas frases críticas adicionadas: “As organizações devem avaliar a relevância das mudanças climáticas para suas operações (subcláusula 4.1)” e “As partes interessadas podem possuir requisitos relacionados às mudanças climáticas (subcláusula 4.2)”.

As mudanças têm um duplo propósito: levar as empresas a considerar o impacto das mudanças climáticas sobre o negócio – e promover a discussão sobre a responsabilidade das organizações em relação às questões relacionadas ao clima.

Ainda que pareça ser uma novidade, a Emenda 1 não é exatamente algo novo. As normas já previam, no seu texto anterior, a necessidade de as organizações considerarem os fatores externos e internos que influenciam o seu desempenho, bem como as expectativas das partes interessadas

No entanto, a Emenda 1 torna mais explícito e detalhado o que se espera das organizações em relação às mudanças climáticas, que devem ser tratadas como um fator crítico para a continuidade do negócio, a médio e longo prazos.

Assim, as empresas devem abordar essa questão não somente do ponto de vista burocrático, para atender aos requisitos da norma, mas aproveitar essa avaliação para se planejar as mudanças que são iminentes, buscando reduzir a sua pegada de carbono, aumentar a sua resiliência e inovar nas suas soluções.

Os riscos das mudanças climáticas

Ao longo das duas últimas décadas, o impacto da atividade econômica sobre o clima foi um tema amplamente debatido – pouco se falou, entretanto, sobre os riscos potenciais às empresas, e como as organizações precisam se preparar para esses impactos. As recentes enchentes no Rio Grande do Sul e seu impacto na produção local – desde o setor agrícola, passando por indústria, comércio e serviços – mostra o quanto estamos despreparados para lidar com esses fenômenos, que serão cada vez mais extremos.

Os riscos são enormes, e podem incluir danos severos a pessoas, propriedade e também a infraestruturas críticas. As enchentes, por exemplo, poderão afetar quase 2 bilhões de pessoas, ou 23% da população global, diretamente expostos a profundidades de inundação maiores a 1,5m, segundo o Banco Mundial. Ao mesmo tempo, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 700 milhões correm o risco de serem deslocadas como resultado da seca até 2030.

Além dos riscos físicos, também existem os riscos de transição – que advêm dos custos comerciais mais altos por conta de novas políticas, legislações, e outras regulamentações projetadas para lidar com as mudanças climáticas. Os riscos de transição também podem surgir de mudanças em tecnologias e tendências de consumo, o que também pode levar ao risco de reputação na medida em que práticas comerciais deixam de ser consideradas éticas, dando lugar a novas formas de produção.

Existem também os riscos de responsabilidade, que surgem justamente na falha em cumprir com as mudanças regulatórias e legais – causando um aumento no número de litígios relacionados a mudanças climáticas em todo o mundo.

Ou seja, o impacto das mudanças climáticas sobre a operação das empresas a curto, médio e longo prazos é enorme. Cabe aos gestores mapearem esses impactos e endereçarem os riscos ao negócio por meio de estratégias de gestão. E a mudança do texto sugerida pela Emenda 1 traz às empresas mais clareza sobre o que deve ser mapeado e endereçado com o apoio dos sistemas de gestão.

Por fim, a Emenda 1 da ISO é uma oportunidade para as empresas revisarem os seus sistemas de gestão da qualidade, incorporando a perspectiva das mudanças climáticas como um elemento estratégico. Ao fazer isso, as empresas não só estarão em conformidade com as normas, mas também estarão contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável e competitivo.

* Plinio Pereira, Gerente Geral de Sistemas de Gestão da TÜV Rheinland.

Para mais informações sobre mudanças climáticas clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Todos os nossos textos são publicados também no X e no  Facebook

Quem somos



Reciclagem de papel tem pior índice desde 2018

A taxa de 59,7% em 2024 preocupa o setor, que mesmo com alto faturamento, não registrou rentabilidade e precisou investir na reestruturação da coleta.

Autor: Divulgação

Reciclagem de papel tem pior índice desde 2018

Plantas de casa podem agravar alergias respiratórias

A moda de ter plantas dentro de casa esconde um risco: espécies populares como Lírio da Paz e Samambaia podem piorar rinite e sinusite.

Autor: Divulgação

Plantas de casa podem agravar alergias respiratórias

Biodegradável x Reciclável: entenda as diferenças e os impactos dos microplásticos

Quando o apelo sustentável vira estratégia de venda, conhecer a fundo os materiais é essencial para evitar armadilhas ambientais.

Autor: Divulgação

Biodegradável x Reciclável: entenda as diferenças e os impactos dos microplásticos

CNI apoia licença para poço na margem equatorial

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou apoio à liberação do Ibama para a Petrobras explorar o primeiro poço em águas profundas na Margem Equatorial.

Autor: Divulgação

CNI apoia licença para poço na margem equatorial

Descarte correto de medicamentos: saúde e meio ambiente

Guardar medicamentos vencidos traz riscos à saúde e ao meio ambiente; saiba como descartá-los corretamente.

Autor: Divulgação

Descarte correto de medicamentos: saúde e meio ambiente

A água como o vetor da ação climática mundial

A água é o ponto de conexão entre clima, agricultura, energia e cidades. Melhorar sua gestão é a forma mais rápida e escalável de gerar impacto positivo para toda a sociedade.

Autor: Juan Rios

A água como o vetor da ação climática mundial

Crescimento sustentável da Amazônia requer responsabilidade do setor privado

O futuro da Amazônia não depende apenas de políticas públicas ou da ação de organizações ambientais.

Autor: Pedro Portugal

Crescimento sustentável da Amazônia requer responsabilidade do setor privado

A natureza não negocia: adverte e reage

Um chamado à lucidez ecológica: a Terra levou bilhões de anos para se tornar um lar hospitaleiro aos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra

A natureza não negocia: adverte e reage

A solução para as cidades está na natureza

No caminho até a COP30, o Brasil tem a chance de mostrar ao mundo como integrar resiliência urbana, justiça climática e Soluções Baseadas na Natureza.

Autor: Juliana Baladelli Ribeiro

A solução para as cidades está na natureza

Desenvolvimento da Amazônia passa por empresas

Setor privado é fundamental para a preservação e crescimento sustentável da Amazônia, com práticas que geram retorno financeiro e social.

Autor: Divulgação

Desenvolvimento da Amazônia passa por empresas

Brasil abre maior fábrica de mosquitos do mundo

Nova biofábrica em Curitiba utilizará a tecnologia Wolbachia, que impede a replicação dos vírus, para auxiliar no combate à dengue, zika e chikungunya.

Autor: Divulgação

Brasil abre maior fábrica de mosquitos do mundo

Quase 111 toneladas de lixo retiradas de rodovias

A Concessionária Via Nascentes recolhe 110,98 toneladas de lixo em rodovias no primeiro semestre.

Autor: Divulgação

Quase 111 toneladas de lixo retiradas de rodovias