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É hora de deixar a CRIATIVIDADE entrar em nossas escolas

É hora de deixar a CRIATIVIDADE entrar em nossas escolas

15/07/2019 Janaína Spolidorio

Dizem que criatividade é algo que brasileiro tem de sobra... e tem mesmo!

Temos uma capacidade impressionante de nos adaptar e de inventar coisas novas e quando nos dedicamos a algo, os resultados podem ser impressionantes. Nossa cultura popular é uma das mais ricas do mundo, com uma variedade expressiva frente a outros países.

A criatividade é o ponto de partida para muitas coisas promissoras, mas algo extremamente grave e preocupante tem acontecido há anos a fio com a criatividade por aqui.

Deixe-me apresentar e vai entender sobre o que estou falando!

Comecei minha carreira na área de educação e em pouco tempo depois de formada passei em um concurso público para professores, no meu município. Passei por altos e baixos na escola, nos 14 anos que ali fiquei, mas vou me ater o que nos interessa: a criatividade.

Antes de entrar na prefeitura, lecionava inglês e era daqueles professores que se a aula se passava em um acampamento, eu montava um acampamento na minha classe, para estimular os alunos a participarem mais. Levava lanterna, provisões e o que precisasse e fosse possível para estimular a criatividade, porque sabia que era ela que iria incentivar meu aluno a participar.

Na prefeitura tive momentos interessantes nos quais a criatividade apareceu em destaque. Certa vez uma diretora exigiu que os professores usassem a horta, porque ficara sem uso por muito tempo. Como eu não tinha familiaridade com hortas, em início de carreira, resolvi transformar meu pedacinho da horta em um sítio arqueológico, que se tornou um dos mais enriquecedores trabalhos que realizei. Arrumei esqueletos de dinossauro montáveis, que estimulavam a lógica, estudamos a origem dos nomes dos dinossauros, dividimos em etapas o trabalho arqueológico para buscar os ossinhos enterrados... foi algo bem marcante para mim e para meus alunos há exatos 20 anos. Usei a criatividade para trabalhar a colaboração entre os alunos e ampliar a aprendizagem de um modo que um trabalho mais convencional não conseguiria.

Tive sim outros momentos como esses, mas não vou me alongar em partes de minha vida. Esses momentos aconteceram em escolas públicas e particulares, em anos escolares diferentes. Cada vez que surgia a criatividade, eu conseguia ver um lampejo magnífico de futuro brilhante nos olhos dos alunos. Saber que ele podia fazer algo diferente, que conseguia fazer parte de uma equipe, colaborando para um projeto, como dos dinossauros, ou vivendo uma experiência, como do acampamento, que a aprendizagem podia ser prazerosa e instigante, sempre foi algo singular nos momentos de criatividade de minha carreira.

Mas nem tudo são rosas! Embora eu tenha vivido muito desta criatividade, muitas vezes ela era podada por gestores de minha escola. Cheguei a primeiro fazer o projeto e depois mostrar, porque acontecia muito de o diretor ou coordenador ver o projeto, não entender, e já cortar no ato a ideia.

Muitos são os empecilhos da criatividade nas escolas. Dá muito trabalho, vai ser muito diferente e os outros professores não vão gostar, não temos tempo para ela, vai atrasar o cronograma, os pais vão questionar e será um trabalhão ficar respondendo suas dúvidas. Na verdade, o que não falta é criatividade para não usar a criatividade.

Batalhei por anos e anos para que a criatividade fosse incentivada nas minhas turmas e elas sempre superavam em resultados o que se esperava delas. Quando a criatividade entrava, era como se tudo se transformasse. Os pais se empolgavam, as crianças se envolviam e eu me sentia plena como profissional, com aquela sensação de orgulho que infelizmente muitos não conseguem ter em uma carreira inteira. Minha estratégia para ela acontecer era não contar, a ninguém, o que eu estava fazendo. Era quase como se nós tivéssemos dentro da aula um clube secreto daqueles de filme, onde as crianças se reúnem para salvar o mundo. E o mais interessante, é que era essa minha sensação: estávamos conspirando contra o comodismo, as aulas monótonas e repetitivas, elas eram nosso inimigo e o futuro daquelas crianças poderia ser brilhante, porque elas tinham vivido de modo muito considerável a criatividade na escola, ainda que apenas durante um ano de suas vidas.

Sei que foi sempre significativo, porque quando encontro alunos ou pais que passaram por meu clube criativo eles lembram exatamente do que foi feito naquele ano e relembram trazendo de volta aquele brilho que tanto me gratificava.

Engraçado que em lugar de permitir e ampliar a criatividade, a escola queira escondê-la, muitas vezes, por causa de um sistema, por causa do que as pessoas possam pensar dela. Estranho pensar que os demais professores não vão gostar, quando deveriam ser inspirados por ela a todo momento em lugar de pensar nos vários motivos pelos quais não é possível fazer algo pela educação no Brasil.

Número excessivo de alunos em aula, inclusão sem recursos ou formação ao professor nas classes, falta de condições físicas da escola. Nada disso foi capaz de vencer minha criatividade. Estive em salas de container, tive 40 alunos em aula, salas sem nem mesmo papel para fazer um desenho. Nada disso foi capaz de me deter, porque eu tinha o que bastava para ver além dos problemas. A criatividade me fazia enxergar incondicionalmente soluções.

Depois de duas décadas em sala de aula, cansei de me esconder e hoje formo professores, cultivo a criatividade em minhas redes sociais e nos materiais didáticos que produzo. Percebi que não devia me esconder em minha classe, ao começar um blog, anos atrás, notei que há professores que querem deixar também a criatividade entrar.

Ter a possibilidade de inspirar professores, resgatar e contagiar suas criatividades é algo que se tornou uma missão para mim. Estou, inclusive, ampliando!

Percebi que posso continuar inspirando alunos junto com seus professores em uma missão muito mais ampla.

Como autora de textos, comecei um projeto de integração entre escolas de diferentes lugares, para que os alunos contribuam na escrita colaborativa de um conto em capítulos, no qual faço a mediação das ideias. É criatividade pura, em um movimento no qual alunos e professores que não se conhecem pessoalmente contribuem, para acender ainda mais criatividade das turmas e fazê-los se sentirem parte de algo maior, que mostra o quanto podem ser agentes transformadores.

É hora de deixarmos a criatividade entrar. Nossos alunos precisam dela para continuarem suas jornadas pela vida, para se sentirem, desde cedo, transformadores da realidade, para valorizarem a educação do modo como ela merece.

A criatividade não pode ser um clube secreto nas escolas, porque como tive que me esconder, muitos professores devem ter que fazê-lo também. A criatividade não pode ser um incômodo, ela tem que trazer a vida às escolas. A missão da criatividade no futuro de nossos alunos é essencial e devemos ajudar a ser cultivada. Ela deve desfilar livre, leve e solta, instigando a imaginação, aumentando o conhecimento e permitindo que possamos ser um país que avança, com consciência de que a educação pode mudar de modo positivo o futuro.

* Designer de atividades pedagógicas, Janaína Spolidorio é formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital. Ela atua no segmento educacional há mais de 20 anos e atualmente desenvolve materiais pedagógicos digitais que complementam o ensino dos professores em sala de aula, proporcionando uma melhor aprendizagem por parte dos alunos e atua como influenciadora digital na formação dos profissionais ligados à área de educação.

Fonte: EVCOM



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