Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Fechamento das escolas é a consequência, não a causa da incapacidade brasileira de fazer melhor

Fechamento das escolas é a consequência, não a causa da incapacidade brasileira de fazer melhor

18/10/2021 Walcir Soares Junior (Dabliu)

Desde meados dos anos 1970, a evidência dos retornos da educação não parece mais ser segredo.

Fechamento das escolas é a consequência, não a causa da incapacidade brasileira de fazer melhor

Sempre começo uma aula de economia para não economistas com a frase: “Se o problema do Brasil é dinheiro e o governo tem uma máquina de fazer dinheiro, por que então não imprime dinheiro e resolve o problema de todo mundo?”. Rapidamente, mãos se levantam e ouço de todos os lados “porque isso causaria inflação”. Repito a pergunta de outro modo: “Então, se o dinheiro não é a solução, por que alguns países são ricos e outros são pobres?”. Silêncio. As pessoas, em geral, entendem que riqueza não é exatamente a quantidade de dinheiro, mas têm dificuldades em entender de onde a riqueza vem.

A riqueza de uma sociedade é, geralmente, medida pela quantidade de coisas reais que essa sociedade tem: produtos, prédios, carros, infraestrutura etc. Na verdade, essas coisas importam menos do que nossa capacidade de produzi-las: países ricos são ricos porque são mais produtivos. Como os países conseguem ser mais produtivos? A resposta inclui acessos aos insumos (capital e trabalho) e a quantidade de produtos que conseguimos tirar com a combinação desses insumos. Em resumo, depende da educação, seja formal ou não.

Desde meados dos anos 1970, a evidência dos retornos da educação não parece mais ser segredo. Já entendemos que não basta ter muitas escolas, mas sim escolas de qualidade. Já entendemos que qualidade não está, necessariamente, atrelada aos gastos, mas que gastos são um componente importante. Já aprendemos que dentre os ciclos educacionais, a educação infantil é a fase de maior retorno. Ainda assim, parece que o Brasil segue atrás em termos de suas prioridades. A falta de uma política educacional igualitária não só mantém nossos problemas sociais, como amplificam o abismo da desigualdade.

O relatório “Education at Glance”, publicado recentemente pela OCDE, confirma o ciclo vicioso: os países com menor escolaridade e baixo desempenho são os que fecharam as escolas por mais tempo durante a pandemia de covid-19. O Brasil, infelizmente, mas não surpreendentemente, é o segundo país no estudo com maior tempo de fechamento das escolas (atrás apenas do México) e entre os de pior desempenho. O dado reflete não só a má gestão da pandemia, o que nos dá a sensação de ser pior do que poderia ser, mas também, a má gestão educacional, tida pelos especialistas da área como o principal problema no Brasil.

Seria muito fácil criticar o fechamento das escolas, mas, na verdade, é justamente a falta de investimento e cumprimento das metas na área educacional que estão por trás dessa desigualdade. Ainda que alguns pensem diferente, essa desigualdade pressiona a economia para baixo em momentos de crise. Pessoas sem escolaridade não conseguem se inserir produtivamente na sociedade, recebem pouco porque produzem pouco, e, sem renda, não geram demanda e o resultado nós já conhecemos. A baixa escolaridade é, na maior parte das vezes, herdada dos pais, o que leva à falta de mobilidade intergeracional: filhos de pais com baixa escolaridade tendem a ter baixa escolaridade, ampliando os abismos da desigualdade.

Em termos de recursos, o Brasil investe em educação apenas um terço do investido, em média, pelos países da OCDE. A partir de 2018, desmontou-se a falácia de que o Brasil investe acima da média da OCDE em educação, ainda que os gastos por aluno, principalmente no ensino infantil, tenham sido sempre abaixo dessa média. Os dados mostram que alunos de nível socioeconômico mais baixo são justamente aqueles com maior dificuldade de estudar remotamente, o que acaba refletindo na alta proporção da população que não completou o ensino médio (28% contra a média de 15% da OCDE), e baixa proporção com ensino técnico e profissionalizante (9% contra a média de 28% da OCDE).

Por que, ao que parece, temos uma capacidade tão grande de ir contra as evidências científicas? Por que queremos sempre fazer as coisas do nosso jeito, mesmo que os resultados seculares apontem que estamos na estratégia errada há décadas? Por que entra governo e sai governo e as políticas educacionais, sociais e contra a desigualdade "passeiam" de um lado para outro como se a sua relevância fosse de fato, volátil e duvidosa? Talvez a educação seja, ela mesma, uma resposta a todos esses questionamentos. Enquanto isso, o Brasil continua sendo o país do futuro, aquele que nunca chega.

*Walcir Soares Junior é doutor em Desenvolvimento Econômico e professor de Economia da Universidade Positivo.

Para mais informações sobre Escolas clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Central Press



CEFET-MG oferece mais de 600 vagas de graduação para cinco cidades

Podem participar os candidatos que concluíram o Ensino Médio ou equivalente, que realizaram uma das três últimas edições do Enem.

Autor: Divulgação


Ecofuturo lança e-book de Educação e Natureza

A publicação marca a conclusão do ciclo de 2023 do programa Meu Ambiente.

Autor: Divulgação

Ecofuturo lança e-book de Educação e Natureza

Estratégias práticas para o desenvolvimento infantil

O desenvolvimento infantil é um processo repleto de marcos importantes que influenciam a aprendizagem e o futuro das crianças.

Autor: Luciana Brites

Estratégias práticas para o desenvolvimento infantil

Os jovens e o trabalho

A responsabilidade de gerar filhos é algo muito sério porque pai e mãe possibilitam a encarnação de uma alma para evoluir no mundo material, o aquém.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra

Os jovens e o trabalho

O fim da geração nem-nem está na aprendizagem?

No labirinto complexo das políticas trabalhistas, há uma série de fatores que merecem nossa atenção.

Autor: Francisco de Assis Inocêncio

O fim da geração nem-nem está na aprendizagem?

A escola pública sob administração privada

O Estado do Paraná apresenta ao Brasil um novo formato de administração à rede escolar.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O compromisso das escolas privadas na educação antirracista

Alcançar o sucesso demanda comprometimento de faculdades e universidades com a formação inicial de professores.

Autor: Luana Tolentino

O compromisso das escolas privadas na educação antirracista

Inscrições abertas para os cursos de condutores de caminhões

A Fabet São Paulo está com inscrições abertas para três cursos avançados voltados a formação e aperfeiçoamento de condutores de caminhões.

Autor: Marcos Villela Hochreiter


Exercitando a empatia

No meu último ano de sala de aula, tive uma turma de quarto ano que se tornou muito querida.

Autor: Vanessa Nascimento

Exercitando a empatia

Conhecimento é combustível para a motivação

Não são incomuns as histórias de profissionais que, voluntariamente, trocam de emprego para ganhar menos do que em suas posições anteriores.

Autor: Yuri Trafane

Conhecimento é combustível para a motivação

Violência escolar: qual a causa e como solucionar

Comportamentos violentos nas escolas se intensificam cada dia mais, ou pelo menos a sua relevância tem ficado mais clara.

Autor: Felipe Lemos

Violência escolar: qual a causa e como solucionar

Todo dia é Dia da Educação

“A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui.” Rousseau. “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Immanuel Kant.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra

Todo dia é Dia da Educação