O impacto das novas gerações nos modelos escolares
O impacto das novas gerações nos modelos escolares
Seja nas instituições de ensino públicas ou privadas, a chegada de uma nova geração às salas de aula afeta os modelos escolares.
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Essa discussão, por vezes pautada no saudosismo, esquece que não existe um tempo melhor ou pior do que o outro, apenas complexidades diferentes e a nossa obrigação de aprender a seguir em frente. As mudanças sociais nos indicam o caminho que deverá ser trilhado coletivamente.
Nessa evolução, é fundamental se ater à função social da escola. O conceito de complexidade de Edgar Morin nunca esteve tão presente. No lugar da fragmentação de saberes, o sociólogo propõe o conceito de complexidade - ou seja, aquilo que é tecido em conjunto. É impossível manter uma posição passiva frente a toda complexidade que estamos experienciando e que forma o terreno sob o qual a escola caminha.
Uma geração bem informada e ansiosa
Na década de 90 ouvimos falar sobre o acrônimo VUCA - que descrevia o mundo em quatro características: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. No entanto, nas palavras do antropólogo Jamais Cascio, isso mudou. Entramos no mundo BANI: Frágil, Ansioso, Não-Linear e Incompreensível. Nesse mundo volátil em que um vírus pode paralisar todas as cidades, a ansiedade é latente. Chega às escolas uma geração bem informada e bastante ansiosa.
O mais importante é entender como lidar com os novos papéis que a escola assume sem perder de vista a função principal da instituição de trabalhar o patrimônio cultural da humanidade. Nós, educadores e gestores educacionais, precisamos ter claro que a escola precisa estar engajada com essa nova realidade, mas sem abandonar o compromisso pedagógico. Separei alguns aspectos que podem inspirar a transformação:
Olhar menos linear: É preciso colaborar com a formação dos professores para que consigam desenvolver planejamentos transdisciplinares, integrando assuntos ao invés de seguir o modelo linear e fragmentado. Com isso, o currículo escolar que antes era pautado nas disciplinas, passa a ser fundamentado em problemas. O desafio é elaborar um planejamento integrado e pensado a partir de temáticas fundamentais. A escola integrada será o futuro e essa rede de conhecimentos nos incita a pensar no que é relevante.
Ensinando a pensar: Se desde pequeno o aluno tem a informação na palma da mão, nosso desafio não é informar o aluno, mas colaborar para que ele problematize a profusão de dados recebidos diariamente. O ponto central é despertar a sagacidade no aluno, ensiná-lo a apurar aquilo que recebe, buscar informações consistentes. Para isso, entra em cena a Metodologia de Investigação - ou seja, como ensino o aluno a investigar.
Empatia e Escuta Ativa: Essa é uma geração acostumada a falar muito e escutar pouco. Por isso, é importante exercitar a escuta ativa desde a educação infantil e fazer o estudante perceber que há momentos em que ouvir é primordial. Com isso, estamos trabalhando outro conceito importante: a empatia. Contudo, para isso, o papel do professor é essencial. Você escuta os seus alunos? Ou o coloca na posição passiva de espectador da aula?
Espaço Educador: Nessa escola plural e interligada, o espaço da sala de aula como único ambiente educacional caiu em desuso. O espaço educador é o espaço das relações, todo ambiente em que diferentes formas de pensar se encontram - em resumo, a escola inteira. Isso exige corresponsabilidade, comprometer todos os atores da instituição de ensino no processo educacional.
Este é o caldeirão de desafios contemporâneos em que a escola está mergulhada. Cabe aos gestores educacionais e educadores, possibilitar que a mudança entre na sala de aula - e ela chega através dos alunos, das famílias e da sociedade. Este não é um tema possível de ser esgotado, pelo contrário, estamos apenas iniciando este debate provocador e difícil, e, por isso mesmo, um que vale a pena ser levado adiante.
* Prof. João Carlos Martins, Diretor-Geral do Colégio Renascença.
Fonte: Trópico Comunicação