Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), expressa grande preocupação com a manutenção dos juros elevados. Ele aponta que as taxas já impactam o emprego na indústria, que teve a primeira queda em 18 meses, de 0,4% em abril, e uma redução de 0,3% nas horas trabalhadas. Esses dados, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), são um alerta, pois a queda no indicador de emprego é um sinal significativo de desaceleração industrial.

Cervone argumenta que trocar postos de trabalho por juros altos não é sensato para um país com milhões de desempregados e pessoas em situação de pobreza. A retração do emprego e da produção industrial ocorre em um cenário de juros elevados. Ele destaca que não é coincidência, e apesar disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 14,75% em maio, o maior nível em quase 20 anos. O Ciesp espera que essa taxa comece a cair.

Os juros altos prejudicam a indústria de forma severa, pois o setor depende muito de crédito para investimento e capital de giro. Financiamentos para máquinas, equipamentos e inovação tornam-se proibitivos. Além disso, o custo do capital de giro encarece, afetando pequenas e médias indústrias, o que pode levar à redução da produção, demissões e até fechamento de unidades. O câmbio também é afetado; a Selic alta atrai capital especulativo, valoriza o real e prejudica a competitividade da indústria nacional. Por fim, o crédito ao consumidor fica mais caro, desestimulando o consumo das famílias.

Cervone conclui que manter os juros altos como ferramenta de combate à inflação tem um custo social e econômico prejudicial, que recai desproporcionalmente sobre a indústria e os trabalhadores. É essencial buscar um equilíbrio entre as políticas fiscal e monetária para garantir a estabilidade de preços sem sufocar a produção.

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