Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Nomofobia e os impactos do uso de smartphones no ambiente de trabalho

Nomofobia e os impactos do uso de smartphones no ambiente de trabalho

21/02/2024 Eduardo Pragmácio Filho

“Você é um nomofóbico?”. Essa foi a pergunta de partida de minha fala no Congresso da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, em outubro de 2023, na cidade de São Paulo.

Nomofobia e os impactos do uso de smartphones no ambiente de trabalho

A pergunta até parece aquelas pegadinhas de programas de humor, quando se perguntam, para pessoas humildes e sem escolaridade, o que elas fariam se soubessem que seus filhos são heterossexuais! Deixando de lado as brincadeiras, o assunto aqui é sério, relevante, o uso dos smartphones no ambiente de trabalho, possuindo impacto na vida profissional e pessoal de todos, e sobretudo impacto na produtividade das empresas.

A “nomofobia” é um neologismo de “no mobile phobia”, o medo de ficar sem o aparelho celular, sem acesso à tecnologia, de não estar conectado, o que pode ser considerado, inclusive, um transtorno psicológico, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, em razão de a adicção ser considerada uma doença. Assim, essa dependência digital, o medo de ficar desconectado, é algo novo e desperta muita atenção dos estudiosos da área. Mas essa questão médica propriamente, ou psicológica, deixa-se para os profissionais competentes.

O que se pretende abordar, aqui, é o impacto do (ab)uso do smartphone no ambiente de trabalho, saber quais as consequências jurídicas.

Veja-se o que aconteceu no aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2023: uma greve, uma paralisação, no setor de cargas do aeroporto, pois os trabalhadores estavam questionando a proibição do uso de celulares no ambiente de trabalho! Essa proibição decorreu em razão do caso de duas brasileiras que foram presas na Europa, e tanto a Receita Federal quanto a concessionária do aeroporto determinaram a proibição do uso de smartphones no setor, evitando trocas de bagagens e garantindo uma segurança maior no manuseio das cargas.

Essa paralisação, no mínimo curiosa, provoca algumas reflexões sobre a possível ascensão de um “direito à conexão”, como um corolário, um contraponto, ao “direito de desconexão”. Notem que o smartphone, definitivamente, leva o trabalho para o espaço da casa e do lazer, por meio da leitura e escrita de e-mails, realização de videoconferências, mensagens eletrônicas, acesso aos arquivos e sistemas nas nuvens etc.

A sociedade hoje é tão conectada, em rede, que o smartphone se configura uma espécie de longa manus, uma extensão do nosso corpo, integrando (mas ainda não incorporando) a máquina ao nosso corpo.

E, agora, em movimento inverso (e de certa forma pendular) o espaço da casa e do lazer invade o trabalho! A classe trabalhadora, ao que parece, clama por um “direito à conexão”, e a retirada ou a mitigação desse direito, como foi o caso de Guarulhos, provoca a insurgência por meio da greve e de outras formas de contestação, como o boicote.

Será que estamos todos mesmo ficando nomofóbicos? Será que é possível (con)viver sem o acesso à rede?

Não se pretende aqui abordar o legítimo interesse e poder do empregador de regular, por meio de norma interna, o uso de celular no ambiente de trabalho. Mas, chama a atenção que o assunto já é cláusula, por exemplo, de convenção coletiva de trabalho do setor de construção civil em São Paulo, ressaltando a faculdade do empregador de disciplinar o uso do smartphone no local e no horário de trabalho. 

Notem: a solução, em vez de ser unilateral pelo empregador, passa a ser autorizada, concertada, negociada, por meio de convenção coletiva, tornando, em alguma medida, mais legítima e democrática a medida proibitiva de conexão.

Para além da questão da produtividade, isto é, o tempo do uso celular versus o tempo de efetiva produção, há uma questão primordial no setor da construção civil para tal proibição: evitar acidentes de trabalho, afastando a distração e o ato inseguro. Da mesma forma, lá no aeroporto de Guarulhos, a proibição teve um fundamento de segurança.

Há uma dissertação de excelência, de um médico do trabalho cearense, um estudioso e talentoso pesquisador, Pedro Fernandes Oliveira, a respeito das “repercussões do uso de smartphones na saúde dos professores universitários”. Os professores sabemos o que passamos na pandemia. 

O médico chama a atenção, em resumo, para três grandes grupos de repercussões em razão do uso do smartphone na saúde dos professores, o que pode, por simetria, ser levado para toda a classe de trabalhadores:

Primeiro, as consequências “físicas”, o que se revela em questões ergonômicas, posturais, e podem levar a lesões por esforço repetitivo (LER), cervicalgia e problemas de visão, por conta da luminosidade das telas. 

Segundo, as consequências “mentais”, sobretudo em relação ao distúrbio do sono, o que pode provocar insônia, e, por sua vez, a insônia pode provocar a sonolência no ambiente de trabalho, o que leva à irritabilidade, à distração, acidentes, baixa produção, burn out, sentimento de culpa etc. Talvez este seja o impacto na saúde mais significativo, pois ele é gatilho para vários outros distúrbios físicos e mentais.

Terceiro, consequências “sociais e familiares”, chamado por ele de “conflito trabalho-família”. Aqui, envolvem-se os membros de uma família, sobretudo o cônjuge, nos aspectos do trabalho, levando até sentimentos do cônjuge de engajamento ou, por outro lado, de ressentimento, com o trabalho, ampliando a esfera de influência laboral na vida pessoal, não só do trabalhador, mas de toda a sua família.

Enfim, somos, em alguma medida, cobaias dessa nova forma de trabalhar, atuar e viver, em que o smartphone é meio de comunicação, interação, conexão, no fluxo de dados e vivência entre os espaços do trabalho e da casa. E, no meio do caminho, o corpo e a mente interagem e reagem a esse movimento.

É necessário um diálogo intenso do direito com a psicologia, com a medicina e com a engenharia, para semear soluções criativas para esses problemas da sociedade em rede e hiperconectada em que vivemos.

* Eduardo Pragmácio Filho é doutor e mestre em direito do trabalho pela PUC-SP, membro da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, Pesquisador do Getrab/USP e sócio de Furtado Pragmácio Advogados.

Para mais informações sobre celular no trabalho clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada



Do brincar à inovação: o resgate da criatividade infantil

Quando somos crianças, enxergamos o mundo com um olhar de admiração e curiosidade.

Autor: Divulgação

Do brincar à inovação: o resgate da criatividade infantil

Como evitar a formação de ferrugem após usar um conversor?

Para evitar a formação de ferrugem após usar um conversor de ferrugem, é crucial seguir alguns passos importantes para garantir uma proteção duradoura das superfícies metálicas.

Autor: Divulgação

Como evitar a formação de ferrugem após usar um conversor?

Como as comparações me fizeram prisioneira da Síndrome do Impostor

Comecei a perceber que algo não estava certo na minha vida quando, mesmo sendo bem-sucedida, me sentia constantemente inferior.

Autor: Thereza Cristina Moraes

Como as comparações me fizeram prisioneira da Síndrome do Impostor

Cidadãos podem solicitar segunda via de certidões pelo celular

Solicitante não precisa se deslocar até uma unidade presencial para pedir o documento, podendo recebê-lo em casa ou no cartório de sua escolha.

Autor: Divulgação

Cidadãos podem solicitar segunda via de certidões pelo celular

Fazendo as escolhas certas: guia para selecionar imóveis para investimento em São Paulo

Investir em imóveis certos é garantia de retorno rápido e seguro se feito com base na valorização, localização, demanda e segurança. Uma incorporadora de confiança te ajuda a realizar seu sonho!

Autor: 5 estrelas

Fazendo as escolhas certas: guia para selecionar imóveis para investimento em São Paulo

Bares e restaurantes seguram preços por medo de perder clientes

Inflação em bares e restaurantes é mais baixa que os índices de alimentação no domicílio e também dos insumos, aponta IPCA.

Autor: Divulgação

Bares e restaurantes seguram preços por medo de perder clientes

Idoso de 100 anos ganha ensaio fotográfico de pré-casamento

Nilza e Paraná convivem há quase 18 anos na unidade da Fhemig em Betim (MG).

Autor: Divulgação

Idoso de 100 anos ganha ensaio fotográfico de pré-casamento

Calvície já teve lá seu glamour, mas hoje só afeta a autoestima

Talvez você não saiba, mas já houve um tempo em que ser calvo não apenas era algo dissociado de uma doença capilar como ainda era sinônimo de status.

Autor: ‌Melina Oliveira

Calvície já teve lá seu glamour, mas hoje só afeta a autoestima

Aloísio Teixeira Garcia, ex-deputado estadual, morre aos 80 anos

Cultura, política e educação perderam com o falecimento no domingo passado do ex-deputado estadual e ex-membro da Academia Mineira de Letras, Aloísio Teixeira Garcia.

Autor: Divulgação


O que a pandemia nos ensinou que podemos usar no enfrentamento à dengue?

A palavra pandemia sempre nos transporta a lembranças de dias difíceis.

Autor: Jarbas da Silva Motta Junior


Catástrofe do RS exige união de esforços e não combate a Fake News

A catástrofe do Rio Grande Sul tem comovido o país inteiro.

Autor: Bady Curi Neto

Catástrofe do RS exige união de esforços e não combate a Fake News

O poder sedutor do dinheiro

Dinheiro e Poder, que dupla!

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra

O poder sedutor do dinheiro