Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Energia eólica offshore: a nova fronteira

Energia eólica offshore: a nova fronteira

12/08/2022 Gustavo Morais

O Brasil segue como um “mercado a ser acompanhado”: é o que diz o relatório de 2022 do GWEC (Global Wind Energy Council) fórum global de energia eólica.

Energia eólica offshore: a nova fronteira

 A potência instalada da fonte saltou de 1,426 GW instalados em 2011 (0,5% da matriz elétrica nacional) para 20,771 GW em 2021 (11,4% da matriz), segundo dados do Balanço Energético Nacional, produzido pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética, órgão governamental vinculado ao Ministério de Minas e Energia).

A fonte foi protagonista no enfrentamento da crise hídrica enfrentada pelo país em 2021, representando 12% do total da energia gerada no país – ocupando a terceira posição, atrás da fonte hidrelétrica e térmica –, evitando racionamentos como os verificados 20 anos atrás, em 2001.

Com a energia eólica onshore – ou seja, em terras firmes – evoluindo “de vento em popa”, empreendedores nacionais e estrangeiros começam a lançar os primeiros trabalhos para a nova fronteira a ser superada: a energia eólica offshore.

Após muita expectativa foi publicado em janeiro o Decreto nº 10.946/2022, que estabelece o marco legal para a exploração da energia eólica na faixa marinha de domínio da União. Em 2020 o “Roadmap Eólica Offshore” publicado pela EPE aponta potencial para instalação de 700 GW de potência em locais com profundidades de até 50 metros, o equivalente a quase 4 vezes toda a potência instalada de geração de energia no Brasil.

A publicação do Decreto, apesar de permitir que os primeiros projetos comecem a ser desenvolvidos, deixa clara a complexidade da implementação de um empreendimento deste tipo. 

Desde o Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental, ao Ministério do Turismo, que verificará os impactos em regiões turísticas passando pelo Comando da Aeronáutica (interferência em área de aproximação de aeroportos) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (conflitos com aquicultura e pesca), os interessados deverão manter interlocução com 9 órgãos – além da própria ANEEL e MME – para obtenção de todas as licenças necessárias para a exploração deste vasto recurso. 

Ainda assim, o Ibama notificou, em relatório de abril/2022, estarem sob processo de licenciamento ambiental mais de 130 GW de potência eólica offshore, reforçando o interesse de empreendedores neste mercado. O interesse abrange não só players tradicionais do mercado elétrico, como a Neoenergia (do grupo espanhol Iberdrola), mas também grupos com presença marcante do setor de óleo e gás, como a Shell, a TotalEnergies e a Petrobrás – que somou forças com a Equinor, que já opera parques eólicos no mar (incluindo plantas no Reino Unido, no nordeste dos Estados Unidos e na Noruega), para avaliar a instalação de um parque eólico na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro.

A sinergia entre o setor petrolífero, com reconhecida expertise em construção de infraestrutura em águas rasas, profundas e ultraprofundas é clara. O setor alia sua experiência em projetos offshore ao desejo de investir em fontes renováveis, impulsionado pela pressão de acordos internacionais para desenvolvimento de políticas energéticas mais sustentáveis, interesse do mercado financeiro que premia práticas ESG e pela própria vontade da população de consumir energias limpas.

Se de um lado temos uma grande disponibilidade de recurso eólico offshore, e do outro temos um já sinalizado interesse do mercado em investir nesse tipo de energia, resta aos formadores de políticas públicas estruturar os caminhos que levarão a esse desenvolvimento.

O sucesso da fonte eólica onshore no Brasil está diretamente ligado a contratações do ambiente regulado, com os leilões do PROINFA, Leilões de Energia de Reserva, Leilões de Fontes Alternativas e um privilégio à fonte em Leilões de Energia Nova. O fôlego deste ambiente de contratação para viabilização de novos empreendimentos, no entanto, reduziu significativamente.

De 2018 a 2021 foram viabilizados 4,2 GW de projetos eólicos onshore, uma redução de quase 50% em relação aos 8,4 GW viabilizados de 2012 a 2016. A redução das oportunidades de expansão no mercado regulado forçou a energia eólica a mirar no mercado livre, de forma muito bem-sucedida. Acompanhado pelo maior apetite ao risco e amadurecimento dos agentes financiadores, o crescimento da fonte não desacelerou com a redução da demanda no ACR.

Ainda assim, os leilões regulados foram essenciais para esse amadurecimento da fonte, que permitiu redução dos custos de instalação de cerca de R$ 6.500 /kW em 2007 a cerca de R$ 4.300 /kW em 2021, redução de mais de 30%. O custo médio estimado da energia eólica offshore pela EPE é bem superior, da faixa de R$ 10.300 /kW. O ganho de eficiência na geração de energia, consequência da maior regularidade dos ventos em superfícies aquáticas, contribuirá para uma redução do custo médio da produção da energia, porém não é o suficiente para a viabilização financeira dos empreendimentos.

Com a via dos leilões regulados já saturada – e ainda mais ameaçada pela abertura total do mercado proposta pelo PL 414/2021 –, o incentivo à fonte eólica offshore será um grande desafio a ser tratado pelos formadores de políticas públicas. Como promover a mesma curva de queda de preços e crescente instalação de projetos offshore com o mesmo sucesso da experiência onshore sem repetir a receita de se basear exclusivamente na utilização do mercado regulado para esses fins?

A associação com a produção de hidrogênio verde (H2V) pode fazer parte da resposta a esta questão. O hidrogênio pode ser produzido através da eletrólise da água, processo que consome muita energia elétrica. Ele é verde quando essa energia elétrica é oriunda de fontes de baixa emissão de carbono. A produção de hidrogênio é objeto de interesse por conseguir fornecer maior energia por unidade de massa que outros combustíveis (como diesel ou gás natural), sendo uma fonte muito atraente para armazenamento de energia e para a utilização no setor de transporte. Por possuir como produto de sua queima apenas vapor d’água, a redução de emissões neste setor está muito ligada à produção do H2V. 

A formalização e fortalecimento de um mercado de crédito de carbono nacional também terá papel importante na viabilização desse tipo de empreendimento, fornecendo receita adicional aos projetos além da produção de energia elétrica em si.

A rota tradicional dos leilões regulados também não deve ser ignorada, com processos competitivos exclusivos para energia eólica offshore a partir já de 2023.

Por fim, o mercado de capitais terá papel central na financiabilidade desses empreendimentos, ao lado de bancos de fomento e desenvolvimento. A emissão de debêntures verdes, além de valorização de ações de empresas com práticas ESG, serão peça central na captação de recursos para construção de parques eólicos no mar.

Como a década de 2010 foi marcada pela expansão das fontes renováveis onshore, a década de 2020 promete ser marcada pelo avanço sobre essa nova fronteira, liderada pela energia eólica offshore. As plataformas continentais brasileiras, que na última década atraíram investidores e proporcionaram desenvolvimento com a exploração de petróleo e gás natural, principalmente do pré-sal, agora ganham relevância renovada, dessa vez, com um viés mais verde e sustentável.

* Gustavo Morais, coordenador de gestão de geradores da Trinity Energias Renováveis.

Para mais informações sobre energia eólica clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Bendita Imagem



Sustentabilidade e eficiência energética na indústria

A preocupação com menor impacto no meio ambiente há muito tempo é pautada por entidades, empresas e sociedade, e quando olhamos para o setor industrial, essa necessidade é ainda mais crucial.

Autor: Giordania R. Tavares

Sustentabilidade e eficiência energética na indústria

O impacto positivo da energia eólica nas economias locais

Além da geração de 11 postos de trabalho a cada MW instalado, as usinas atuam como catalisadoras dos setores de comércio e serviços das regiões onde estão instaladas.

Autor: Divulgação

O impacto positivo da energia eólica nas economias locais

Cinco dicas de economia de energia no inverno

Julho terá condições de geração de energia menos favoráveis, conforme sinalização da Aneel.

Autor: Divulgação

Cinco dicas de economia de energia no inverno

Cemig realiza inspeções na rede elétrica com drones em todo estado

Equipes da companhia atuam em todas as regiões do estado utilizando o equipamento para localização de defeitos em áreas de difícil visualização.

Autor: Divulgação

Cemig realiza inspeções na rede elétrica com drones em todo estado

MG já investiu R$ 19,6 bilhões na geração própria de energia solar

Segundo mapeamento da ABSOLAR, estado acumula mais de 684 mil consumidores atendidos pela fonte solar em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.

Autor: Divulgação

MG já investiu R$ 19,6 bilhões na geração própria de energia solar

Gasmig atinge marca de 100 mil clientes ligados

A Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) atingiu o marco de 100 mil clientes ligados. O Contrato de concessão previa que a Companhia chegasse a esta marca em dezembro de 2026.

Autor: Divulgação


Armazenamento solar: uma alternativa para acabar com o ‘susto’ da conta de energia

Estudo do Instituto Polis e da Ipec mostrou que quase metade das famílias brasileiras apontam a conta de luz como o item que mais impacta o orçamento familiar.

Autor: Simone Cesário

Armazenamento solar: uma alternativa para acabar com  o ‘susto’ da conta de energia

Pipas prejudicam mais de 100 mil clientes da Cemig nos quatro primeiros meses de 2024

Além do grande risco de acidentes fatais, linhas chilenas e cerol podem causar falta de energia em grandes circuitos do sistema elétrico.

Autor: Divulgação

Pipas prejudicam mais de 100 mil clientes da Cemig nos quatro primeiros meses de 2024

Sobre a alta eficiência energética das máquinas brasileiras

Em um cenário global onde a eficiência energética se torna cada vez mais um diferencial competitivo, a indústria brasileira de máquinas se destaca por sua capacidade de inovação e adaptação.

Autor: Gino Paulucci Jr.


Eficiência Energética da Cemig vai beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas

Previsão de investimento da empresa para o PEE é da ordem de R$ 102 milhões até o fim do ano.

Autor: Divulgação

Eficiência Energética da Cemig vai beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas

Cemig vai instalar mais de 3 mil religadores na rede de distribuição

Equipamentos são instalados nas redes elétricas urbanas e rurais e contribuem para o rápido restabelecimento do serviço em casos de defeitos transitórios.

Autor: Divulgação

Cemig vai instalar mais de 3 mil religadores na rede de distribuição

Se está sobrando energia porque conta de luz é tão cara?

Hidrelétricas ambientalmente sustentáveis seriam um exemplo que poderíamos ter dado ao mundo e não demos.

Autor: Divulgação

Se está sobrando energia porque conta de luz é tão cara?