Grupo WhatsApp

A amargura do leite

A amargura do leite

25/11/2025 Antônio Marcos Ferreira

De vez em quando somos surpreendidos com situações nas quais nossas melhores intenções precisam ser alteradas pelas circunstâncias inesperadas.

Anteontem sai de casa para ir a uma drogaria comprar um termômetro, já que os dois que tínhamos em casa não funcionavam mais. Como a drogaria é próxima à nossa casa, fui a pé, aproveitando a oportunidade para uma caminhada.

Caminhava na direção da drogaria, e quando me encontrava já próximo ao meu destino, vi na calçada por onde passava, um mendigo que, ao me ver passar, pediu para me aproximar.

Ao chegar perto, ele me disse: meu senhor, será que o senhor pode comprar este leite em pó para minha filhinha? Nesse momento me mostrou uma receita com uma letra muito difícil de ler, mas ele ajudou a decifrar o tipo de leite em pó que eu deveria comprar.

E ainda me disse: se o senhor puder pedir a nota e trazer pra mim eu agradeço. Não imaginei porque a nota fiscal poderia ser importante para ele. Fiquei imaginando as dificuldades por que passam tantas pessoas. Nem o leite da filha ele tinha condições de proporcionar!

Segui para a drogaria com a intenção de comprar, além do termômetro, o leite em pó solicitado pelo mendigo. Antes de comprar o termômetro, fui olhar a prateleira onde estavam os vários tipos de leite em pó.

Minha surpresa agora era com o preço do leite solicitado por ele. Era o mais caro entre os que estavam em oferta. Naquele momento imaginei: poxa, esse mendigo é bem exigente! E porque a receita indicava este leite?

Enquanto estava pensando chegou uma vendedora com a qual comentei:

- Puxa vida, que leite caro! O que ele tem de especial para ser tão caro assim? Antes que ela me respondesse, comentei com ela:
- Quem me pediu este leite foi um mendigo aqui na rua, próximo daqui.

Nesse momento ela me olhou e perguntou:

- Um mendigo?
- Sim, por que?
- Porque eles pegam o leite caro e depois trocam por droga.
- Verdade?
- Pois é.
- Levei um susto.

Como tinha outra drogaria em frente, fui até lá para ver o preço daquele leite. Lá verifiquei que o preço era o mesmo que tinha visto na outra.

Comentei novamente com a vendedora que o preço era muito alto e que estava querendo comprar para dar a um mendigo que me pedira. Assim que ela ouviu, me disse:

- Pois é, eles pedem este mais caro para trocar por droga.

Naquele momento imaginei o porquê da nota fiscal. Era um comprovante do custo. Não comprei. Mas saí dali muito pensativo. Não voltei para entregar o leite ao mendigo. Agora não tinha mais certeza de que a tal filhinha existia de verdade. Fiquei muito decepcionado.

Mas continua uma certeza: apesar do ocorrido, ainda há espaço e precisamos continuar a acreditar nas pessoas. Voltei para casa com aquela dúvida: será que uma criança iria ficar com fome naquela noite pela falta do leite em pó? Nunca terei essa certeza. Vida que segue.

Para mais informações sobre pessoas clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Todos os nossos textos são publicados também no Facebook e no X (antigo Twitter)

Quem somos



Para onde caminha a humanidade?

O pragmatismo está ampliando a confrontação econômica. Novas formas de produzir e comercializar vão surgindo com mais rigidez e agilidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Reforma Tributária: mudança histórica ou novo capítulo do caos fiscal

A Reforma Tributária entra na fase prática em 2026 com a criação do IBS e da CBS, que passam a incidir com alíquotas reduzidas.

Autor: Eduardo Berbigier


Austeridade fiscal, caminho obrigatório para ordem e progresso

Quando se aproximam as eleições, o brasileiro se pergunta se é possível ter um país melhor em condições de vida para todos os cidadãos. É o que se deseja.

Autor: Samuel Hanan


Impeachment não é monopólio

A decisão de Gilmar Mendes e o estrangulamento institucional.

Autor: Marcelo Aith


Nova lei da prisão preventiva: entre a eficiência processual e a garantia individual

A sanção da Lei 15.272, em 26 de novembro de 2025, representa um marco na evolução do processo penal brasileiro e inaugura uma fase de pragmatismo legislativo na gestão da segregação cautelar.

Autor: Eduardo Maurício


COP 30… Enquanto isso, nas ruas do mundo…

Enquanto chefes de Estado, autoridades, cientistas, organismos multilaterais e ambientalistas globais reuniam-se em Belém do Pará na COP 30, discutindo metas e compromissos climáticos, uma atividade árdua, silenciosa e invisível para muitos seguia seu curso nas ruas, becos e avenidas do Brasil e do mundo.

Autor: Paula Vasone


Reforma administrativa e os impactos na vida do servidor público

A Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados (PEC 38/25) além de ampla, é bastante complexa.

Autor: Daniella Salomão


A língua não pode ser barreira de comunicação entre o Estado e os cidadãos

Rui Barbosa era conhecido pelo uso erudito da língua culta, no falar e no escrever (certamente, um dos maiores conhecedores da língua portuguesa no Brasil).

Autor: Leonardo Campos de Melo


Você tem um Chip?

Durante muito tempo frequentei o PIC da Pampulha, clube muito bom e onde tinha uma ótima turma de colegas, jogadores de tênis, normalmente praticado aos sábados e domingos, mas também em dois dias da semana.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Dia da Advocacia Criminal: defesa, coragem e ética

Dia 2 de dezembro é celebrado o Dia da Advocacia Criminal, uma data emblemática que, graças à união e à força da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), integra o calendário oficial das unidades federativas do país.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


STF não tem interesse – nem legitimidade – em descriminalizar aborto

A temática relativa ao aborto e as possibilidades de ampliação do lapso temporal para a aplicação da exclusão de ilicitude da prática efervesceram o cenário político brasileiro no último mês.

Autor: Lia Noleto de Queiroz


O imposto do crime: reflexões liberais sobre a tributação paralela nas favelas brasileiras

Em muitas comunidades brasileiras, especialmente nas grandes cidades, traficantes e milicianos impõem o que chamam de “impostos” – cobranças sobre comerciantes, moradores e até serviços públicos, como transporte alternativo e distribuição de gás.

Autor: Isaías Fonseca