Grupo WhatsApp

A declaração de guerra (comercial) EUA-Brasil

A declaração de guerra (comercial) EUA-Brasil

13/07/2025 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

O segundo semestre do ano começa atropelado pelas divergências políticas e econômicas entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil.

O presidente Donald Trump comunicou em carta a Lula da Silva que, a partir de 1° de agosto, será cobrada a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA. Lula mandou devolver a correspondência, anunciando retaliação e a prática de reciprocidade.

Desponta no horizonte a possibilidade da deflagração da guerra comercial entre as duas nações, boas parceiras há dois séculos, desde quando se organizaram política e economicamente e promoveram o desenvolvimento das Américas.

Melhor seria que se empenhassem pela negociação de acordos que pudessem compatibilizar os interesses dos dois lados.

Estados Unidos é hoje o terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Respondeu com 14% do comércio externo brasileiro de 2024, atrás apenas de China (28%) e União Européia (14,3%).

O comércio Brasil-EUA naquele ano foi de R$ 40,3 bilhões, com pequeno superávit para os EUA. Os principais produtos da pauta foram petróleo bruto, aeronaves, minério, café, celulose, carne e grãos.

Tradicionalmente, a tarifa incidente nos produtos brasileiros vendidos aos EUA é de 3,5%. Logo depois da posse, Trump elevou para 25% o imposto sobre o aço e o alumínio que vendemos ao seu país.

Agora, com 50%, cumulativos ou não, a tendência é que as mercadorias percam a competitividade de preços no mercado internacional, o que poderá afugentar consumidores.

Ainda há a possibilidade da sobretaxa de 10% que Donald Trump promete para os produtos dos países integrantes do Brics (entre os quais o Brasil).

O momento é crítico. Donald Trump reclama da política tarifária do Brasil para o mercado internacional, mas a grande questão nos parece ser política.

Tanto que, na carta a Lula, reclamou e criticou o tratamento que as autoridades – principalmente o Judiciário – brasileiras têm dispensado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, as desavenças com empresas e cidadãos domiciliados nos Estados Unidos e outros problemas.

Reservamos o direito de não discutir a motivação da “briga” entre os dois maiores países e economias das Américas (do Norte e do Sul).

Mas preocupa-nos que a aplicação das medidas – vença quem vencer – prejudique  nossa Economia, tornando os negócios menos rentáveis e, principalmente, eliminando milhares de empregos.

Pensamos que até o lado norte americano poderá ser prejudicado porque, se eles hoje adquirem produtos brasileiros é porque estes lhes são vantajosos.

Se o tarifaço inviabilizar o comércio das duas nações, quem compra e consome nossas mercadorias terá de procurar novos fornecedores e certamente, pagará mais do que ao velho parceiro do Sul.

Espera-se que Lula pense bem antes de partir para a luta com Trump de peito aberto antes de tentar o caminho da negociação.

E que o assunto, embora explosivo do ponto de vista político e econômico, seja tratado com todos os cuidados pela esfera diplomática.

Jamais nas redes sociais e outros meios de difusão onde qualquer questão inconvenientemente colocada poderá prejudicar tanto os contendores quanto os operadores da economia de Estados Unidos e Brasil, cuja saúde financeira dos negócios e empreendimentos depende diretamente da manutenção do fluxo bilateral de comércio.

Trump e Lula não podem perder de vista que, além dos seus interesses políticos, eleitorais e até pessoais, existem milhões de americanos e brasileiros que passarão maus momentos se o problema for conduzido ao desenlace.

Apesar do nervosismo que envolve o tema, ainda acreditamos que a racionalidade do acordo continua disponível. Só a vaidade dos contendores poderá destruí-la e prejudicar a todos, mas principalmente o Brasil, ente mais fraco da relação.

É como, desde menino ouvi do soldado Zezinho, da Força Pública, meu pai e exemplo de policial; todos podem ter importância e razão, mas com quem tem dinheiro não se brinca.

Os EUA respondem com 14% de nossas vendas ao exterior e nós somos apenas um pequeno número dentro dos 200 países que com eles negociam.

Em vez de brigar, o aconselhável é negociar e buscar o equilíbrio dos interesses. Retaliação dificilmente nos conduzirá ao desejado porto seguro…

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Para mais informações sobre EUA clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Todos os nossos textos são publicados também no Facebook e no X (antigo Twitter)

Quem somos



Para onde caminha a humanidade?

O pragmatismo está ampliando a confrontação econômica. Novas formas de produzir e comercializar vão surgindo com mais rigidez e agilidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Reforma Tributária: mudança histórica ou novo capítulo do caos fiscal

A Reforma Tributária entra na fase prática em 2026 com a criação do IBS e da CBS, que passam a incidir com alíquotas reduzidas.

Autor: Eduardo Berbigier


Austeridade fiscal, caminho obrigatório para ordem e progresso

Quando se aproximam as eleições, o brasileiro se pergunta se é possível ter um país melhor em condições de vida para todos os cidadãos. É o que se deseja.

Autor: Samuel Hanan


Impeachment não é monopólio

A decisão de Gilmar Mendes e o estrangulamento institucional.

Autor: Marcelo Aith


Nova lei da prisão preventiva: entre a eficiência processual e a garantia individual

A sanção da Lei 15.272, em 26 de novembro de 2025, representa um marco na evolução do processo penal brasileiro e inaugura uma fase de pragmatismo legislativo na gestão da segregação cautelar.

Autor: Eduardo Maurício


COP 30… Enquanto isso, nas ruas do mundo…

Enquanto chefes de Estado, autoridades, cientistas, organismos multilaterais e ambientalistas globais reuniam-se em Belém do Pará na COP 30, discutindo metas e compromissos climáticos, uma atividade árdua, silenciosa e invisível para muitos seguia seu curso nas ruas, becos e avenidas do Brasil e do mundo.

Autor: Paula Vasone


Reforma administrativa e os impactos na vida do servidor público

A Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados (PEC 38/25) além de ampla, é bastante complexa.

Autor: Daniella Salomão


A língua não pode ser barreira de comunicação entre o Estado e os cidadãos

Rui Barbosa era conhecido pelo uso erudito da língua culta, no falar e no escrever (certamente, um dos maiores conhecedores da língua portuguesa no Brasil).

Autor: Leonardo Campos de Melo


Você tem um Chip?

Durante muito tempo frequentei o PIC da Pampulha, clube muito bom e onde tinha uma ótima turma de colegas, jogadores de tênis, normalmente praticado aos sábados e domingos, mas também em dois dias da semana.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Dia da Advocacia Criminal: defesa, coragem e ética

Dia 2 de dezembro é celebrado o Dia da Advocacia Criminal, uma data emblemática que, graças à união e à força da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), integra o calendário oficial das unidades federativas do país.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


STF não tem interesse – nem legitimidade – em descriminalizar aborto

A temática relativa ao aborto e as possibilidades de ampliação do lapso temporal para a aplicação da exclusão de ilicitude da prática efervesceram o cenário político brasileiro no último mês.

Autor: Lia Noleto de Queiroz


O imposto do crime: reflexões liberais sobre a tributação paralela nas favelas brasileiras

Em muitas comunidades brasileiras, especialmente nas grandes cidades, traficantes e milicianos impõem o que chamam de “impostos” – cobranças sobre comerciantes, moradores e até serviços públicos, como transporte alternativo e distribuição de gás.

Autor: Isaías Fonseca