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A força da tecnologia

A força da tecnologia

19/05/2011 Cláudio Nasajon

É difícil argumentar contra a idéia de que a tecnologia irá mudar mais nos próximos dez anos do que já mudou nos últimos cem.

 A velocidade dos avanços tecnológicos tende a dobrar a cada dez anos, o que significa que até o final deste século a tecnologia estará mil vezes mais avançada que nos dias atuais. A base para essas estimativas é parecida com a dos juros compostos: os avanços já alcançados aceleram novas descobertas, que por sua vez servem de ferramenta para novos avanços, num ciclo virtuoso que cresce em progressão geométrica.

Para se ter uma idéia, foram necessários 14 anos para seqüenciar o vírus do HIV, mas apenas 31 dias para se chegar ao genoma da gripe asiática - um esforço semelhante feito apenas alguns anos depois.

Não precisamos ir muito longe. Há poucos meses eu congelei células-tronco da minha filha recém-nascida, procedimento que hoje serve para curar meia centena de doenças (inclusive leucemia), mas que há poucos anos não passava de ficção científica. Igualmente pertenciam ao terreno da fantasia coisas que hoje são reais como nano-robôs que entram no organismo para limpar artérias, em vez das antigas cirurgias de alto risco. Também já são realidade organismos geneticamente modificados para coisas tão fúteis como peixinhos fosforescentes ou tão úteis como limpar os vazamentos de óleo nos oceanos, só para citar alguns exemplos.   Nesse contexto, não dá para saber, ao certo, onde o mundo estará daqui a cinquenta ou cem anos. Pode-se prever carros elétricos que se auto-dirigirão a destinos programados usando rotas controladas por computador para obter a melhor performance, ou aparelhos de telefone integrados com TV, rádio, Internet e demais canais de comunicação implantados diretamente em nossos órgãos sensoriais.

E certamente ainda surgirá muita coisa que não está sequer em nosso imaginário. Se aceitarmos o fato de que nos próximos cem anos a tecnologia irá avançar mil vezes mais do que já avançou em toda a nossa história, é simplesmente impossível prever o futuro.   Por outro lado, há coisas que evoluem tão lentamente que permitem, sim, imaginar como serão no próximo século. Coisas que fazem parte da nossa constituição humana, das nossas tradições e cujas mudanças ocorrem com velocidades infinitamente mais lentas do que as da tecnologia.

Refiro-me a questões como preconceito, avareza, egoísmo. A cada minuto, morrem, por causa da fome ou de doenças curáveis, cerca de dez crianças. No mesmo mundo em que os recursos naturais de uma nação, como o petróleo ou a soja, respondem por boa parte da sua riqueza, as mesmíssimas pessoas que participam da sua extração e produção pertencem às camadas mais pobres, mais miseráveis, deixando essa riqueza na mão de uns poucos privilegiados.    Nossa tecnologia é capaz de ajudar uma mãe a dar à luz uma criança em condições que outrora seriam impossíveis. No entanto, morrem ou são mutilados milhões de seres humanos, simplesmente por terem nascido do lado errado das fronteiras, ou por terem determinada cor de pele ou crença religiosa.

As nações se unem na busca da paz e o organismo máximo que as coordena, a ONU, é controlada pelos cinco países que têm poder de veto, e não por acaso, são os cinco maiores fabricantes de armas do planeta, onde se gasta em campanhas militares, a cada minuto, mais de três milhões de dólares.    A boa notícia é que há luz no fim do túnel. A mesma perenidade das nossas atitudes mais vis também se aplica às nossas emoções mais nobres. Posso prever, com alguma dose de certeza, que daqui a vinte, quarenta ou cem anos, ainda valorizaremos a ética, a integridade e o respeito ao próximo. Posso antever que os netos dos meus netos ainda cultuarão o amor e buscarão a paz de espírito. Posso garantir, até onde pode um mortal oferecer garantias, que serão as nossas escolhas do presente que determinarão o futuro das próximas gerações.   Então, se por um lado é certo que a tecnologia pode ser usada para o mal, também o é que ela pode ser aplicada para o bem e que sempre haverá pessoas de boa índole que talvez, em algum momento de nossa história futura, aprendam a não ficar omissas, a não aceitar o mal de forma pacífica, a assumir a responsabilidade de agir para defender aquilo em que acreditam.

E quem sabe, nesses tempos, a humanidade possa começar a se tornar mais justa, distribuindo melhor a riqueza, eliminando as fronteiras que nunca existiram de verdade e fazendo deste mundo, finalmente, um lugar onde impere a paz, a justiça e a felicidade não só de alguns, mas de todos os seus habitantes.   * Claudio Nasajon é empresário, sócio-presidente da Nasajon Sistemas e professor de empreendedorismo da PUC-Rio.   Fonte: Assessoria de imprensa da Nasajon Sistemas



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