Grupo WhatsApp

Administrar as cheias, obrigação de Governo

Administrar as cheias, obrigação de Governo

19/02/2024 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

A revolução climática que vemos enfrentando é assustadora e mundial. Incêndios de grandes proporções, secas devastadoras, tempestades não vistas durante décadas e uma série de desarranjos que fazem a população sofrer.

No momento, sofremos o calor intenso aqui no Brasil, com elevadas temperaturas e sensação térmica que chega aos 60 graus, ao mesmo tempo em que no hemisfério norte o povo é submetido ao rigoroso inverno de temperaturas que chegam a dezenas de graus abaixo de zero.

Na ótica mais simplória, tudo é culpa do fenômeno ‘el niño’, aquela corrente quente que sobe o Oceano Pacífico e invade acosta da América do Sul, provocando as alterações de tempo.

Mudou o regime das chuvas e, principalmente, a intensidade dos ventos que, da média habitual de 40 ou 50 km/h, passaram a deslocamentos de 100 ou mais km/h, provocando destruição e outros inconvenientes a uma região não preparada para esse fenômeno.

Só os estudiosos de meteorologia e ciências paralelas poderão avaliar e definir se o estado de violência – furacões, tornados e similares – deixarão de existir ou se chegaram para ficar.

Difícil saber, com segurança, se são apenas fenômenos passageiros ou profundas alterações na mecânica terrestre.

Enquanto não há definição, a providência mais lógica e possível é orientar a população para não enfrentar as águas das enchentes e se proteger até que as tormentas se acalmem.

O enfrentamento é pleno risco de vida, mesmo para aqueles que, dentro de um veículo, têm a falsa impressão de estarem protegidos.

Governos – federal, estaduais e municipais – têm o dever de agir para minimizar o sofrimento e a insegurança da população.

Fornecedores de água, eletricidade, comunicação e outros serviços têm de adotar medidas especiais para que sua clientela não seja penalizada por longos períodos de desabastecimento.

O poder público tem de criar novas normas para a fiscalização e manutenção das árvores em vias públicas de forma a evitar que apodreçam e possam cair sobre os transeuntes ou seus veículos e que interrompam a fiação dos postes.

A população deve ser motivada (ou até convocada) para observar a árvore da frente de sua casa e até ser autorizada a contratar os serviços de remoção daquelas que se revelarem com prometidas.

O devastador fenômeno das cheias é ponto que exige providências governamentais pois só os governos possuem força financeira para enfrentar os custos dessa obra de grande envergadura.

Em praticamente todas as áreas urbanizadas dos 5570 municípios brasileiros há pelo menos um lugar onde a água das chuvas se acumula e provoca problemas.

Resultado do desenvolvimento empírico e desordenado, que cada dia mais exige providências e elevados investimentos que, enquanto não ocorrem, vão provocando o sofrimento da população e prejuízos econômicos.

Nas últimas décadas, as grandes cidades resolveram os pontos mais críticos de inundação através da construção dos “piscinões”, que recebem a água das enxurradas que chegam velozes, ali são armazenadas e, depois, liberadas lentamente para evitar as cheias nas vias públicas, córregos e rios à jusante.

Mas isso é pouco, tanto que nas localidades dotadas de piscinões as enchentes de ruas e até bairros inteiros continuam ocorrendo.

A convivência das áreas urbanas com as águas das chuvas só se estabilizará quando os governos estabelecerem programas técnicos de prevenção.

Uma das razões das cheias dos fundos de vale é impermeabilização massiva do solo na área de drenagem. Não tendo como ser absorvida pelo solo, a água da chuva corre para as áreas baixas e causam a cheia, principalmente nas áreas onde os rios e córregos já foram canalizados e tiveram suas margens transformadas em avenidas ou parques.

Com a agravante de, pela maioria das cidades, que nasceram nas margens dos rios, as urbanizações terem começado pela parte baixa.

As tubulações empregadas para abrigar o curso d’água original tornam-se insuficientes quando a maior parte da faixa de drenagem deixa de absorver a chuva e a água corre toda para o fundo do vale.

Para solucionar, sempre que autorizar a expansão imobiliária, os governos têm de revisar o calibre dos tubos para evitar que a água vaze para as avenidas ou prédios vizinhos ao antigo riacho.

É comum vermos técnicos do governo dizerem que o Brasil é muito atrasado na administração das águas e no saneamento básico. Não consegue manter os rios limpos e nem tratar os esgotos. Essa é apenas uma parte do problema.

O controle das cheias é outra questão negligenciada, que precisa ser colocada na pauta de produção dos governos. A população não pode continuar convivendo com o sobressalto de ser arrebatada e ter seus pertences e até a vida perdidos nas águas das chuvas.

Governantes e parlamentares, eleitos pelo povo, têm o dever de buscar soluções para esse aflitivo problema. E a solução está mais próxima do que se imagina.

Órgãos governamentais e setor técnico das universidades já correram o mundo em visitas técnicas para aprender como cidades da Europa, Estados Unidos e outros pontos desenvolvidos do planeta resolveram a convivência da população com a água caída do céu e acumulada nos vales.

É uma questão de vontade política e, logicamente, de investimentos. Por mais desconhecidos e intrigantes que sejam os problemas, eles requerem trabalho em busca das soluções. Mãos à obra!

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Para mais informações sobre chuvas clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp



Para onde caminha a humanidade?

O pragmatismo está ampliando a confrontação econômica. Novas formas de produzir e comercializar vão surgindo com mais rigidez e agilidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Reforma Tributária: mudança histórica ou novo capítulo do caos fiscal

A Reforma Tributária entra na fase prática em 2026 com a criação do IBS e da CBS, que passam a incidir com alíquotas reduzidas.

Autor: Eduardo Berbigier


Austeridade fiscal, caminho obrigatório para ordem e progresso

Quando se aproximam as eleições, o brasileiro se pergunta se é possível ter um país melhor em condições de vida para todos os cidadãos. É o que se deseja.

Autor: Samuel Hanan


Impeachment não é monopólio

A decisão de Gilmar Mendes e o estrangulamento institucional.

Autor: Marcelo Aith


Nova lei da prisão preventiva: entre a eficiência processual e a garantia individual

A sanção da Lei 15.272, em 26 de novembro de 2025, representa um marco na evolução do processo penal brasileiro e inaugura uma fase de pragmatismo legislativo na gestão da segregação cautelar.

Autor: Eduardo Maurício


COP 30… Enquanto isso, nas ruas do mundo…

Enquanto chefes de Estado, autoridades, cientistas, organismos multilaterais e ambientalistas globais reuniam-se em Belém do Pará na COP 30, discutindo metas e compromissos climáticos, uma atividade árdua, silenciosa e invisível para muitos seguia seu curso nas ruas, becos e avenidas do Brasil e do mundo.

Autor: Paula Vasone


Reforma administrativa e os impactos na vida do servidor público

A Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados (PEC 38/25) além de ampla, é bastante complexa.

Autor: Daniella Salomão


A língua não pode ser barreira de comunicação entre o Estado e os cidadãos

Rui Barbosa era conhecido pelo uso erudito da língua culta, no falar e no escrever (certamente, um dos maiores conhecedores da língua portuguesa no Brasil).

Autor: Leonardo Campos de Melo


Você tem um Chip?

Durante muito tempo frequentei o PIC da Pampulha, clube muito bom e onde tinha uma ótima turma de colegas, jogadores de tênis, normalmente praticado aos sábados e domingos, mas também em dois dias da semana.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Dia da Advocacia Criminal: defesa, coragem e ética

Dia 2 de dezembro é celebrado o Dia da Advocacia Criminal, uma data emblemática que, graças à união e à força da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), integra o calendário oficial das unidades federativas do país.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


STF não tem interesse – nem legitimidade – em descriminalizar aborto

A temática relativa ao aborto e as possibilidades de ampliação do lapso temporal para a aplicação da exclusão de ilicitude da prática efervesceram o cenário político brasileiro no último mês.

Autor: Lia Noleto de Queiroz


O imposto do crime: reflexões liberais sobre a tributação paralela nas favelas brasileiras

Em muitas comunidades brasileiras, especialmente nas grandes cidades, traficantes e milicianos impõem o que chamam de “impostos” – cobranças sobre comerciantes, moradores e até serviços públicos, como transporte alternativo e distribuição de gás.

Autor: Isaías Fonseca