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Atentados e assombrações: a atual política nas Américas

Atentados e assombrações: a atual política nas Américas

29/08/2023 João Alfredo Lopes Nyegray

Há cerca de um ano, ao chegar em sua casa em Buenos Aires e ser cumprimentada por apoiadores, Cristina Kirchner – a vice-presidente da Argentina – por muito pouco não foi vítima fatal de um atentado: uma arma calibre 380 foi acionada duas vezes, mas falhou.

Recentemente, um morador do estado de Utah, nos EUA, que havia ameaçado várias vezes o presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, em suas redes sociais, foi morto a tiros pelo FBI ao ser abordado para investigação.

Os agentes inicialmente pretendiam apenas investigar as ameaças, mas não houve conversa.

Foi na mesma semana em que o candidato à presidência do Equador, o jornalista e ex-deputado Fernando Villavicencio, foi assassinado em Quito.

Em quinto lugar nas pesquisas eleitorais, Villavicencio tinha como carro chefe de sua campanha o combate à corrupção e ao narcotráfico.

No dia 14 de agosto, mais um assassinato político no país: Pedro Briones, dirigente de um movimento político fundado pelo ex-presidente equatoriano Rafael Correia também perdeu a vida a tiros.

Todos esses recentes acontecimentos – sem contar, é claro, a tentativa de assassinato do então candidato à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, em 2018 – destacam a diversidade de desafios significativos enfrentados pelo continente americano.

Essa região que, pouco a pouco, busca fortalecer as instituições democráticas (à exceção de Cuba, Nicarágua e Venezuela), se depara agora com essas alarmantes ameaças que testam a resiliência de jovens democracias.

Enquanto essa infeliz sequência de atos hostis nos faz refletir sobre o recrudescimento do ambiente político nas Américas, a Argentina realizou suas primárias eleitorais no domingo, dia 13 de agosto.

Esse pleito, conhecido como "Eleições Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias" (Primarias Abiertas, Simultáneas y Obligatorias, em espanhol), ou simplesmente PASO, consiste numa etapa crucial do processo eleitoral argentino e têm como objetivo definir oficialmente os candidatos que irão concorrer nas eleições gerais subsequentes.

As PASO têm uma importância estratégica para determinar quais candidatos serão oficialmente apoiados pelos partidos nas eleições gerais, além de impactar também na distribuição de financiamento público para os partidos políticos.

Nesse pleito, ocorrido em meio a inflação recorde de 115,6%, inacreditáveis 118% de juros ao ano e desvalorização histórica do peso argentino, sagrou-se vencedor o candidato de extrema-direita Javier Milei.

Milei, economista, professor e deputado de 52 anos, apresenta propostas bastante radicais para o futuro do país.

Dentre suas propostas, estão a extinção de ministérios como saúde e educação, assim como a dolarização da economia argentina, ou seja, o uso do dólar no lugar do desvalorizado peso.

Ainda que essa medida possa, no curtíssimo prazo, reduzir um pouco dos juros e da inflação, no médio e longo prazo as consequências tendem a ser mais negativas do que positivas; uma vez que os rumos do país dependeriam diretamente das decisões do Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA.

Embora a economia argentina já seja parcialmente dolarizada – uma vez que a população, escaldada por décadas de uma crise sem fim, poupa em dólares – o Banco Central de Buenos Aires ainda possui controle de sua política monetária.

Nas PASO, após a vitória de Milei com cerca de 30% dos votos, está o governista Sergio Massa (com 21,22%), e a candidata de centro-direita Patrícia Bullrich em terceiro lugar.

Num cenário de atentados e assombrações à democracia nas Américas, nos resta torcer para que o pleito eleitoral da Argentina seja pacífico – e que o país consiga de uma vez por todas superar décadas de governos populistas que tanto afundaram uma das economias mais promissoras de outrora.

* João Alfredo Lopes Nyegray é doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia.

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Fonte: Central Press



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