Brasil quer Felipão de volta
Brasil quer Felipão de volta
Não adianta a mídia tapar o sol com a peneira. O Brasil perdeu uma grande oportunidade de conquistar este ano o Hexa, e não foi por falta de conselho, de opinião, de muita gente dizendo o que tinha que ser evitado, e quando se viu, o povo brasileiro ficou estupefato pelo papelão do segundo tempo do jogo contra a Holanda.
Um time que se esfacelou depois de levar um gol contra, mostrando ao país a falta de garra e dedicação, numa hora em que parece ter os jogadores se esquecido que estavam jogando uma Copa do Mundo. Aquele segundo tempo refletiu concretamente o estado de ânimo dos jogadores, talvez somente o goleiro Júlio César e Lúcio tiveram mesmo noção do que estava acontecendo e não mediram esforços para dar o melhor de si. Os demais, simplesmente não se deram conta de que milhões de brasileiros acompanhavam aquele momento, esperando ao menos que o time mantivesse o 1 x 0, conseguido no primeiro tempo.
Após a partida, foi difícil para o goleiro Júlio César dar a entrevista, reconhecendo que o Brasil estava fora da Copa pelo desequilíbrio emocional dos jogadores, num jogo em que o Brasil jogou bem no primeiro tempo e ganhava a partida. Mesmo assim, não foi fácil encontrar palavras para explicar o que aconteceu, e dali em diante cada um foi buscando uma explicação, mas o fato é que primeiramente o modelo autoritário de gestão da equipe, por parte do técnico Dunga, foi um dos motivos mais acentuados. Dunga não entendeu que futebol é arte e não guerra, e agiu com arrogância, visível inclusive naquela entrevista na Globo, em que indagou irado e sarcástico ao jornalista: "Algum problema?" e na carta paranóica de despedida dirigida ao Ricardo Teixeira,aliás o verdadeiro culpado por tudo ao apoiar a filosofia “conventual” e “prisional” do Técnico.
Sim. Havia não apenas um, mas vários problemas, que Dunga preferiu ignorar, e com sapato alto e seu sobretudo à la Herchcovitch, se julgou auto-suficiente e acabou dando no que deu, mostrando que cabeça-dura não traz resultados satisfatórios. Dunga foi mesmo cabeça-dura, e isso ficou explícito no quanto fracassou seu estilo de liderança(ou melhor de chefão), quando a equipe que liderava, se desmontou psicologicamente, ao levar apenas um gol, não sabendo o que fazer para se recompor e prosseguir, num jogo em que o Brasil tinha tudo para ganhar, e sem muita dificuldade.
O jeito turrão de comandar a seleção também irritou o povo brasileiro, quando Dunga foi surdo aos muitos apelos para que convocasse os jogadores Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, e outros, que estavam à altura do desafio de uma Copa. Mas que o técnico auto-suficiente preferiu ignorar, por considerá-los moleques demais. Mas futebol não é para moleques? Não foram moleques como Pelé e Garrincha (nas Copas de 1958 e 1962) ou mesmo Romário (na de 1994), que foram capazes de grandes feitos em campo, honrando assim a camisa da seleção brasileira?
Não é a toa que uma das comunidades muito procuradas no Orkut tenha sido a que pede Felipão de volta. Que saibamos aprender e se preparar, de fato, para a Copa de 2014, para que possamos ter um grande campeonato em nosso País, resgatando o futebol-arte que todos desejamos.
* Valmor Bolan é Doutor em Sociologia, Diretor da Universidade Corporativa Anhanguera e de Relações Institucionais da Anhanguera e Reitor do UNIA.