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Crise Brasil-EUA: virtual desastre econômico

Crise Brasil-EUA: virtual desastre econômico

17/07/2025 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

O Ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo – o Estado que deverá ter o maior prejuízo se as tarifações de 50% dos Estados Unidos entrar em vigor – reuniram-se com o empresariado, onde ouviram a repercussão da medida junto às classes produtoras e buscaram o apoio de suas lideranças.

O ministro ouviu as empresas industriais e comerciais pela manhã e o agronegócio à tarde. O governador esteve com os industriais paulistas.

Ouviram conselhos para agir cautelosamente e, se possível, sem confronto, nas possíveis negociações com o presidente Donald Trump e sua equipe.

A primeira providência deverá ser o pedido de dilatação da data da entrada da nova tarifa – 1º de agosto – para daqui a três meses, tempo suficiente para o encontro de números que possam atender aos dois lados do balcão de negócios Brasil-EUA.

A decisão do presidente Lula, de delegar as negociações a Alckmin, repercutiu positivamente na classe econômica brasileira, visto que o ministro além de toda a bagagem administrativa e política, não é gravado pelo contencioso político-ideológico que pesa sobre o chefe do governo.

Apesar da disposição do empresariado – que sofrerá danos maiores do que o próprio governo se a tarifa elevada entrar em prática – em negociar com os EUA, todo cuidado será pouco, principalmente diante do clima pesado desenvolvido entre os dois governos.

Por ordem de Trump, os EUA abriram investigação sobre práticas ‘injustas’ do Brasil nas transações com os parceiros norte-americanos.

Deverão ser verificadas as negociações com etanol, e outras mercadorias de largo tráfego entre os dois países, que possam estar em desacordo com a Seção 301 da Lei de Comércio daquele país, em vigor desde 1974.

Os investigadores do Departamento de Comércio verificarão com prioridade possíveis favorecimento e parceiros preferenciais em prejuízo de outros.

Também serão vistas questões de desmatamento em território brasileiro e poderá até acontecer a suspensão de serviços de satélite, GPS e outros serviços eletrônicos – todos baseados nos EUA – que dão suporte à aviação, transporte, agricultura, rede bancária e outros serviços automatizados.

Como lado mais fraco da relação, temos de nos cuidar para evitar que questões não econômicas venham a prejudicar o empresariado nacional e principalmente a população que depende de sua produção e dos empregos que seus negócios proporcionam.

É visível o desconforto entre Lula – aliado da China, Rússia, Irã e ditaduras de esquerda – e Trump que, além de direitista, ainda detém uma das maiores economias do planeta e é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil.

Os EUA têm PIB (Produto Interno Bruto) anual de US$ 30 Trilhões e importa o equivalente a 12% desse montante (US$ 3,6 trilhões).

A importação deles equivale à toda a economia da França e o Brasil vende anualmente US$ 41 bilhões, o que representa  1,1%  das importações daquele país.

Com esse volume de negócios, não temos a menor condição de promover algum tipo de retaliação ou “guerra” comercial. O indicado – como advertem os empresários – é buscar o caminho do acordo.

É importante lembrar que, apesar das divergências com Lula, Donald Trump tem contado com dezenas (talvez mais de uma centena) de países.

Inclusive com os gigantes China, Rússia, Comunidade Européia e outros reconhecidamente mais potentes que o Brasil no ponto-de-vista econômico.

Confiamos no equilíbrio de Geraldo Alckmin para o bom encaminhamento dessa questão. Que encontrem o apoio e o entendimento com o empresariado e, unidos, possam negociar a melhor posição para manter os negócios Washington-Brasília.

E que Trump aponte sua artilharia para outros lugares com economias mais parecidas com a dos EUA. Pelas diferenças do fornecimento, nós só podemos continuar como pequenos parceiros do gigante do hemisfério norte.

Qualquer encaminhamento diferente, será prejudicial para ambas as partes que perderia o fornecimento das mercadorias colocadas em pauta.

O dano maior, se isso vier a acontecer, é para o empresariado. Tanto que pedem e aconselham cautela…

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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