Grupo WhatsApp

De olho na alta e/ou criação de impostos

De olho na alta e/ou criação de impostos

15/07/2024 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

O momento é preocupante porque, de um lado, o presidente Lula e sua equipe fazem das tripas o coração para aumentar a arrecadação e, do outro, as classes produtoras preocupam-se com a falta de competitividade que seus produtos sofrerão se gravados por novos impostos.

O que incomoda é o ânimo arrecadatório, que não encontra a desejável contrapartida na disposição de economia nos gastos governamentais.

Já assistimos, nos últimos meses, a polêmica sobre a desoneração previdenciária dos 17 setores que mais empregam; depois de ter a prorrogação aprovada no Legislativo, sofreu veto, medida provisória indevida e até a arguição de inconstitucionalidade (que emplacou na Justiça) para reformar um procedimento fiscal praticado desde o exercício de 2011.

De forma surreal, o governo conseguiu antecipar de 2028 para 2025 a redução dos índices de tributos às empresas geradoras de empregos em grande escala.

Vimos, também, a instituição do “imposto da blusinha”, que pega em cheio toda a população que adquire quinquilharias via internet. Agora fala-se em meter impostos sobre as carnes, mais um beliscão no bolso do povo.

O presidente tenta fazer distinção entre a carne consumida pelo rico e a comprada pelo pobre, um demagógico expediente mais político-ideológico do que prático, que mira a velha luta entre abastados e desindinheirados. O ideal é, mesmo continuar sem impostos federais, como tradicionalmente.

O governo deveria utilizar os bons economistas que fazem parte de sua equipe para estudar fórmulas de economizar nos gastos governamentais e não para aumentar os impostos, que já são elevados para o bolso da população.

É lógico que o aconselhável é ter a máquina pública gastando o mesmo que arrecada (ou até menos) para evitar o aumento da dívida estatal e o pagamento de juros.

Operar com déficit deveria ser o último recurso da administração e sempre justificado por algum acontecimento inesperado ou fortuito, como foi a pandemia, por exemplo.

No mais, o desejável é receita e despesa no mesmo patamar, coisa que não acontece há muito tempo e nem deve ocorrer brevemente. A não ser que se eleve astronomicamente a carga tributária.

Acompanhamos nos últimos dias o material informativo sobre os 30 anos do Plano Real, decretado pelo então presidente Itamar Franco em 1994 e continuado por Fernando Henrique. Desenvolveram-se esforços para a despesa caber dentro da receita e a inflação foi contida até o presente momento.

Hoje, quando se faz a modernização dos impostos, verificam-se artimanhas para aumento de alíquotas, cobrança nos setores onde há isenção e outros quitais que, via-de-regra, prejudicaram o bolso do povo.

Verifica-se saudável divergência entre os Poderes, que já impediu o aumento de tributos conforme o pretendido pelo Executivo.

Hoje os parlamentares – os mesmos que impediram o aumento de alíquotas – são pressionados a ceder na aplicação do imposto em setores tradicionalmente isentos. Não devem ceder pois com isso estarão penalizando o povo.

O Executivo tem o dever de trabalhar pelo equilíbrio entre arrecadação e gastos do governo. Antes de criar gastos, deve verificar se há recurso para honrá-los sem ter de arrombar o cofre.

Precisa, entre outras coisas, acabar com o injusto favorecimento do alto funcionalismo cujos integrantes são aquinhoados com os chamados penduricalhos que não são catalogados como salários e permite que esses privilegiados senhores e senhoras levem para o bolso polpudas importâncias de vantagens que em algumas vezes superam em muito o limite dos salários que a legislação permite pagar ao funcionalismo.

Quiz o constituinte de 1988 estabelecer que o maior salário a ser recebido por qualquer servidor público federal (art 37 XI da CF) seja equivalente ao que ganha o ministro do Supremo Tribunal Federal: R$ 46.366,19 Tudo o que exceder a esse valor, é pagamento indevido, que deveria ser eliminado.

Outro item de despesas que chama a atenção e intriga o povo é a montanha de dinheiro que se destina à manutenção dos partidos políticos.

O ideal seria que os partidos – assim como um clube social – fossem mantidos através das mensalidades (ou anuidades) pagas pelos seus filiados.

Não há a mínima razão para um partido político, pertencente exclusivamente aos seus filiados, ser sustentado pela população inteira.

Os deputados e senadores que cuidam da segunda parte da Reforma Tributária que se acautelem. Não tenham pressa para votar os enquadramentos.

Se assim fizerem, a nova versão poderá ficar pior do que a que hoje vigora e já não atende às necessidades nacionais...

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Para mais informações sobre impostos clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Todos os nossos textos são publicados também no Facebook e no X (antigo Twitter)

Quem somos



Para onde caminha a humanidade?

O pragmatismo está ampliando a confrontação econômica. Novas formas de produzir e comercializar vão surgindo com mais rigidez e agilidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Reforma Tributária: mudança histórica ou novo capítulo do caos fiscal

A Reforma Tributária entra na fase prática em 2026 com a criação do IBS e da CBS, que passam a incidir com alíquotas reduzidas.

Autor: Eduardo Berbigier


Austeridade fiscal, caminho obrigatório para ordem e progresso

Quando se aproximam as eleições, o brasileiro se pergunta se é possível ter um país melhor em condições de vida para todos os cidadãos. É o que se deseja.

Autor: Samuel Hanan


Impeachment não é monopólio

A decisão de Gilmar Mendes e o estrangulamento institucional.

Autor: Marcelo Aith


Nova lei da prisão preventiva: entre a eficiência processual e a garantia individual

A sanção da Lei 15.272, em 26 de novembro de 2025, representa um marco na evolução do processo penal brasileiro e inaugura uma fase de pragmatismo legislativo na gestão da segregação cautelar.

Autor: Eduardo Maurício


COP 30… Enquanto isso, nas ruas do mundo…

Enquanto chefes de Estado, autoridades, cientistas, organismos multilaterais e ambientalistas globais reuniam-se em Belém do Pará na COP 30, discutindo metas e compromissos climáticos, uma atividade árdua, silenciosa e invisível para muitos seguia seu curso nas ruas, becos e avenidas do Brasil e do mundo.

Autor: Paula Vasone


Reforma administrativa e os impactos na vida do servidor público

A Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados (PEC 38/25) além de ampla, é bastante complexa.

Autor: Daniella Salomão


A língua não pode ser barreira de comunicação entre o Estado e os cidadãos

Rui Barbosa era conhecido pelo uso erudito da língua culta, no falar e no escrever (certamente, um dos maiores conhecedores da língua portuguesa no Brasil).

Autor: Leonardo Campos de Melo


Você tem um Chip?

Durante muito tempo frequentei o PIC da Pampulha, clube muito bom e onde tinha uma ótima turma de colegas, jogadores de tênis, normalmente praticado aos sábados e domingos, mas também em dois dias da semana.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Dia da Advocacia Criminal: defesa, coragem e ética

Dia 2 de dezembro é celebrado o Dia da Advocacia Criminal, uma data emblemática que, graças à união e à força da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), integra o calendário oficial das unidades federativas do país.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


STF não tem interesse – nem legitimidade – em descriminalizar aborto

A temática relativa ao aborto e as possibilidades de ampliação do lapso temporal para a aplicação da exclusão de ilicitude da prática efervesceram o cenário político brasileiro no último mês.

Autor: Lia Noleto de Queiroz


O imposto do crime: reflexões liberais sobre a tributação paralela nas favelas brasileiras

Em muitas comunidades brasileiras, especialmente nas grandes cidades, traficantes e milicianos impõem o que chamam de “impostos” – cobranças sobre comerciantes, moradores e até serviços públicos, como transporte alternativo e distribuição de gás.

Autor: Isaías Fonseca