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E se você ganhasse na loteria?

E se você ganhasse na loteria?

29/03/2011 André Massaro

Acabo de ver nos jornais: “Mega Sena pode pagar o segundo maior prêmio de 2011 – valor previsto de R$33 milhões de reais”. É uma quantia estonteante, capaz de dar vazão aos desejos mais extravagantes de qualquer mortal.

Muita gente pensa: “se eu ganhasse na loteria, resolveria todos os meus problemas”. Bem, é covardia tentar fazer um apelo à realidade quando seu “concorrente” é um prêmio de tal magnitude, mas sempre que alguém me fala que se ganhasse, de forma repentina, uma quantia “X” ou “Y” resolveria todos os seus problemas, sou obrigado a perguntar: “mas será mesmo?”

Um estudo publicado no início deste ano pela escola de direito da Universidade Vanderbilt (EUA), chamado “The Ticket to Easy Street? The Financial Consequences of Winning the Lottery” (“O caminho da vida fácil? As consequências financeiras de se ganhar na loteria” – em tradução livre), analisou pessoas que ganharam prêmios da loteria da Flórida entre 1993 e 2002, e a análise foi feita por grupos, conforme o valor dos prêmios ganhos.

O objetivo maior do estudo não era tanto analisar a loteria em si, mas sim saber como as pessoas reagem ao chamado “dinheiro fácil” (aquele que não é resultado direto de seu trabalho). Aliás, o verdadeiro objetivo do estudo era determinar se políticas de ajuda governamental a pessoas em dificuldades financeiras (como as recentemente aplicadas pelo governo dos EUA e de alguns países europeus, para estimular a economia) eram realmente eficazes no sentido de deixar essas pessoas em situação financeira melhor e mais estável.

O estudo vinculou os ganhadores dos prêmios com os registros de falência pessoal, e a conclusão foi bastante clara: as taxas de falência pessoal foram consistentes em todos os grupos de ganhadores. Os que ganharam prêmios maiores (na faixa de 50 a 150 mil dólares) “quebraram” tanto quanto os que ganharam prêmios inferiores a dez mil dólares. A diferença é o tempo em que isso aconteceu.No fim das contas, o estudo mostra que, em se tratando de pessoas com educação financeira deficiente, ganhar uma quantia inesperada não as deixa financeiramente mais sólidas ou equilibradas, apenas retarda a inevitável falência.

Os pesquisadores fizeram questão de frisar, no estudo, que governantes e legisladores devem ser céticos com políticas assistencialistas de estímulo econômico. Simplesmente dar dinheiro para alguém que não sabe administrá-lo é contraproducente. Representa uma grande perda para os cofres públicos, o estímulo econômico gerado tende a ser efêmero, e as famílias que recebem essa quantia rapidamente voltam à situação em que se encontravam originalmente.

Isso ocorre por conta de decisões erradas que essas pessoas tomam com o dinheiro extra. Muitas caem vítima da chamada “contabilidade mental” e não usam o recurso extra para estancar dívidas que as estão corroendo suas finanças. Outras ainda imediatamente partem para o consumo, às vezes em níveis extravagantes, resultado de um fenômeno que os estudiosos das finanças comportamentais chamam de “dinheiro da casa” (os donos de cassinos e bingos conhecem esse fenômeno muito bem...).

Um velho ditado popular diz que “é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe”. No caso das finanças pessoais, esse ditado se mostra mais verdadeiro que nunca. Existem inúmeros casos de famílias que superaram crises financeiras terríveis sem receber um centavo sequer de ajuda de terceiros, contando apenas com seu próprio esforço e estratégias financeiras coerentes. E, seguindo o raciocínio inverso, poucas vezes se vê um “dinheiro fácil” se transformar em mais riqueza. A verdade é que (já imagino um monte de leitores enfurecidos com o que vão ler agora...) o dinheiro, pura e simplesmente, não resolve os problemas de ninguém. Se não houver educação financeira e capacitação para se administrar as finanças pessoais, qualquer “grande bolada” só fará com que a “quebra” venha um pouco mais tarde...

* André Massaro - Administrador e pós-graduado em Economia. É um dos fundadores da Moneyfit.



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