Não vote na direita nem na esquerda (elas não existem…)
Não vote na direita nem na esquerda (elas não existem…)
Foi-se o tempo em que o político de direita era conservador e defendia os interesses dos abastados e o de esquerda era o chamado progressista, que se colocava ao lado dos pobres.
Para os padrões atuais essa é a maior das inverdades porque tanto direita quanto esquerda – surgidas no século 18, na Assembleia Nacional da França, onde os partidários do imperador Napoleão Bonaparte sentavam à direita do presidente e os simpatizantes da revolução se posicionavam à esquerda – pouco trazem daquela filosofia inicial e, no lugar disso, agrupam vícios, conceitos e interesses adquiridos ao longo do tempo. Viraram uma mescla dos supostos erros e acertos praticados durante os últimos 200 anos.
No Brasil, o conservadorismo era encarnado pela família real e, depois pelos políticos que começaram a República.
O esquerdismo chegou com os imigrantes, que vieram trabalhar em substituição aos escravos libertos em 1888, e trouxeram os movimentos ideológicos já praticados em seus países de orígem. As teorias socialistas apenas se apoderaram da esquerda.
A direita era representada pela ordem econômica já estabelecida. Assim foi aqui como nos demais países da América Latina e mundo afora.
Os dois lados conquistaram a política, o território e até produziram ditaduras sangrentas e proporcionaram ao povo tanto momentos de alegria quanto de sofrimento. Hoje, direita e esquerda não passam de rótulos obsoletos que os políticos ainda insistem em usar.
É por isso que há tempos defendo que direita e esquerda não existem e, principalmente, não devem orientar o voto.
O eleitor – que irá às urnas no próximo domingo – deve votar no candidato que melhor atenda aos seus anseios e, na sua opinião, seja o mais indicado para governar.
Tudo isso é fácil de ficar sabendo através da pesquisa no farto noticiário do jornal, rádio e televisão. Indico ver (na internet) o noticiário da época em que os atuais candidatos estiveram frente ao governo.
Ali se encontra o bom e também o ruim que fizeram. Com isso em mãos, a decisão fica mais fácil. Escolha, lógico, o que entenda como melhor para o Brasil e os brasileiros.
É interessante, antes de decidir o voto, considerar que aqueles que já governaram dificilmente farão coisas diferentes se voltarem ao poder.
O quesito honestidade também é importante, pois o eleito será o nosso representante e cuidará do governo que é sustentado pelo dinheiro dos impostos que pagamos.
No Brasil de décadas atrás, praticamente todas as famílias tinham um ou mais de seus membros envolvidos na luta política.
O mais comum eram os operários e ferroviários esquerdistas que recitavam as instruções recebidas de seus líderes incrustados no movimento sindical.
Eu tive um tio assim, que gerava discussões entre os parentes. Mas isso passou. Aquela era uma época em que um grande percentual da população era composto por analfabetos e alfabetizados de baixíssima instrução.
Hoje os analfabetos são raros e há um grande contingente de formados na universidade que, apesar do ativismo nelas existente, têm o dever de se orientar pela própria cabeça, não por aqueles que insistem em cooptá-los.
É um imenso desperdício quando encontramos indivíduos que hoje se dizem de esquerda ou direita porque seus pais, tios ou avós o foram. Acordem!
O Brasil espera que cada um de nós faça a sua parte em busca do melhor caminho e do sonhado futuro venturoso.
Esqueçam as ditaduras e as teses políticas do passado e se esforcem para garantir e aperfeiçoar a democracia que, sem dúvida, é o melhor regime para se viver, mas é uma “planta” que precisa ser regada todos os dias...
Essa eleição é a grande oportunidade que temos de manter e fortalecer a ainda imperfeita democracia brasileira.
Vote conscientemente e evite o retrocesso que, se acontecer, poderá demorar outros 20 ou 30 anos para ser consertado. Vote pelo Brasil e pelas futuras gerações.
* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).