Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Os números da fome no Brasil: uma questão de metodologia

Os números da fome no Brasil: uma questão de metodologia

14/09/2023 Alcione Pereira

Nas últimas semanas, muita gente reparou em algumas supostas divergências entre os números relacionados à fome no Brasil divulgados em diferentes situações.

Algumas notícias falam em mais de 30 milhões sem terem o que comer e 125 milhões com algum nível de insegurança alimentar; outras dizem que são “apenas” cerca de 10 milhões de brasileiros com fome.

Estarão erradas as pessoas envolvidas nas declarações? Ou se equivocaram os órgãos que aferiram os números?

Esta é uma questão técnica, que não é - nem tem que ser - de domínio de todos, mas sentimos a necessidade de esclarecer, da forma mais acessível que encontramos, para que o maior número de pessoas consiga entender por quê uma hora vêm um número, outra hora vêm outro, mas que saibam que está tudo certo. Não há erros nos valores em si, mas no uso que se faz deles.

Um colegiado de especialistas - a Rede PENSSAN - realizou o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar e concluiu que 33 milhões de pessoas passam fome e 125 milhões enfrentam algum nível de insegurança alimentar no Brasil.

Essa pesquisa é baseada na EBIA (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), que leva em consideração, em resumo, a quantidade de refeições que uma pessoa faz por dia e se ela tem preocupação em relação ao que vai comer no seu cotidiano.

Já a FAO divulga um balanço global sobre a fome no mundo, que não é aferido pelo mesmo questionário EBIA, mas considera um cálculo feito com base na produção local e global de alimentos, transformada em calorias, versus a população de cada região e também mundialmente.

Por exemplo: se o Brasil produz X toneladas de alimentos e isso representa Y calorias, mas a quantidade de pessoas que vivem no nosso território precisa de 2Y para se alimentar minimamente, então, conclui-se que existe um gap.

Ou se a produção é numericamente suficiente, mas não chega de forma efetiva a quem precisa (porque há muito desperdício, porque uma parte da população simplesmente não pode comprar a comida, por uma crise específica ou por outros motivos), também a conclusão é de que uma determinada parcela das pessoas “passa fome” ou, melhor dito, existe uma lacuna na cobertura de alimentos.

É por isso que os números da FAO são menores que os da PENSSAN, por uma questão metodológica. Não significa que um esteja mais correto do que o outro.

São diferentes, pois consideram aspectos distintos e têm propósitos distintos. A FAO olha para a produção de alimentos no mundo, com o intuito de verificar se está sendo produzido o mínimo necessário e se todos têm acesso.

Já a PENSANN vai no dia a dia de cada cidadão, para saber se consegue ou não ter as 3 refeições mínimas diárias.

Portanto, ambos os números são interessantes e importantes para quem trabalha com a realidade da insegurança alimentar.

A questão é que devemos conhecê-los melhor e os seus diferentes propósitos, para conseguirmos usá-los de maneira efetiva naquilo que é verdadeiramente relevante: o combate ao desperdício e à fome.

* Alcione Pereira é fundadora e CEO da Connecting Food.

Para mais informações sobre fome clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Pine PR



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves