Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Quem matou Pedro Simon?

Quem matou Pedro Simon?

30/06/2009 Helder Caldeira

Saudosos são os dias em que aguardávamos, ansiosos, os pronunciamentos do senador Pedro Simon na tribuna do Senado Federal.

Com sua eloqüência quase sagrada, pontuou momentos importantes de nossa História recente. Foi firme e apartidário em lances decisivos, tanto no passado, em nome da democracia, quanto no presente, pela manutenção dela. Um gênio do PMDB gaúcho. Um nome insofismável do cenário nacional, chegando a criar o “Decálogo Indispensável para o Exercício da Atividade Política”. Mas Pedro Simon morreu. Foi assassinado politicamente na tarde fria de uma quinta-feira, 25 de junho de 2009. O que o matou? Quem matou Pedro Simon? Esperava-se para aquela quinta-feira um discurso histórico. Não foi o que vimos. Lamentavelmente, o Brasil assistiu ao velho caudilho gaúcho tentar levantar a voz pela renúncia do senador José Sarney à presidência da Casa e ser calado por uma tropa de choque favorável à manutenção do coronel no comando.

O primeiro aparte ao seu discurso foi sofrível. Da planície, o senador acreano Geraldo Mesquita Júnior falou enfadonhamente por intermináveis trinta minutos e defendeu a manutenção de Sarney no poder. Logo depois, o senador-suplente Wellington Salgado (PMDB-MG) – sim, suplente é menor, é uma ignomínia, não é eleito pelo povo, só tem o voto do titular – calou Simon ao convidá-lo a rever equívocos históricos e temporais de seu discurso. Por fim, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) mostrou que Simon era um dos grandes responsáveis pela atual situação crítica do Senado Federal. Estava chancelada a derrocada do discurso de Pedro Simon. O primeiro secretário da Mesa Diretora, senador Heráclito Fortes, oposicionista e futuro macérrimo, recorreu à prática lulista dos jargões futebolísticos para chamar Pedro Simon à realidade: “quem pede, recebe; quem se desloca, tem a preferência”.

Ao usar essa pérola do saudoso técnico carioca Neném Prancha, Heráclito desqualificou o discurso de Simon lembrando-o de um passado recente, quando, em novembro de 2008, o senador gaúcho fora procurado por uma “falange” de companheiros solicitando sua candidatura à presidência da Casa e receberam uma sonora negativa. Ou seja, se Sarney é hoje o presidente, Pedro Simon é um dos grandes responsáveis. “Correu do pau”, como dizem lá em Paraíba do Sul, minha terra natal fluminense. Ninguém acredita que o senador Pedro Simon seria capaz de fazer grande diferença ou que teria evitado a crise institucional posta, mas esperava-se uma reação mais forte, mais tenaz. Limitou-se à acenar com o velho lenço ao seu dileto correligionário José Sarney. Como bem diz a blogueira de O Globo, Maria Helena Rubinato, “de 'nobre colega' e 'preclaro amigo' já estamos absolutamente enfastiados”. E conclui: “no fundo, penso que os senadores tem uma imensa saudade de quando eram vereadores”.

Talvez nem isso consigam ser mais. Nem mesmo Simon, o que é inacreditável em tempos onde os cidadãos clamam pela seriedade, pela responsabilidade e por uma ação mais robusta e imediata diante das crises, dos escândalos de corrupção e da falência no sistema de representatividade política vigente e que assolam o Brasil. Pedro Simon calou e foi calado. No cerne deste triste fim, o senador Pedro Simon faltou com seu próprio “Decálogo”.

Desrespeitou cinco de seus dez mandamentos, quais sejam: 2º) Não usar o sagrado dinheiro público em vão; 4º) Honrar a confiança depositada nas urnas; 5º) Jamais ser omisso no cumprimento da função política; 9º) Desenvolver os melhores valores e transformar-se em referência positiva para as gerações futuras; e 10º) Comprometer-se, fielmente, com a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. Rendendo-se ao poderio político de Sarney, assinou sua sentença de morte. Assim como restou concluído que foi Ney Latorraca quem matou seu personagem Barbosa na extinta TV Pirata, foi o próprio cidadão Pedro Jorge Simon quem matou o saudoso senador Pedro Simon.

*Helder Caldeira é articulista político, palestrante e conferencista.



O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A poderosa natureza

O dinheiro é um vírus que corrompe tudo e quando a pessoa se “infecta”, dificilmente se livra.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


A maior eleição do mundo e o nacionalismo hindu

O ano de 2024 está sendo considerado o superano das eleições pelo mundo. Ao todo, mais de 50 países terão pleitos variados, dentre os quais o Brasil e os Estados Unidos.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray