Super especialista
Super especialista
De vez em quando me pego analisando as recordações da minha infância, da minha juventude e tentando perceber a quantidade de mudanças pelas quais todos passamos.
Em todas as áreas da nossa sociedade, uma das principais características é a crescente especialização dos setores e dos profissionais. Cada vez mais as profissões e atividades vão se afunilando. E os profissionais sabem cada vez mais de menos.
No comércio do interior era comum termos os armazéns onde se vendia desde o fósforo ao fogareiro, de botão a querosene e bicicleta. Vendia papel higiênico mas também o vaso sanitário.
Como a famosa venda do Seu Lidirico, em Araçuaí, que inspirou até uma música do violeiro Miltinho Edilberto, apresentada no programa do Rolando Boldrini.
Hoje a tendência é termos lojas especializadas em determinados produtos. Muitos modelos e tipos de uma mesma coisa ou de poucos produtos.
Na área de saúde o caminho é o mesmo. Na odontologia, por exemplo, cada vez se especializa mais: quem faz a extração é um profissional, quem faz o implante é outro, e se precisar tratar o canal é um terceiro.
Na medicina, temos o ortopedista que só atende os problemas da coluna, outro só trata do joelho, o outro é especialista em ombro. Outro dia escutei uma história, contada como piada, mas que reflete bem esta nossa situação.
A história dizia que um rapaz estava se queixando de uma dor no testículo. Procurou um clínico geral para tentar achar uma solução para aquele problema.
O doutor, após o exame inicial, lhe disse: - Meu rapaz, você está com um pequeno caroço no testículo esquerdo. Vou indicar um especialista para este caso.
Você deve procurá-lo, e certamente ele saberá dar um diagnóstico mais preciso e prescrever o melhor tratamento. Aqui está o endereço do médico: Rua dos Aflitos, Edifício Dona das Dores, quinto andar, sala 504. Pode procurá-lo e diga que fui eu quem o indicou.
No dia seguinte o rapaz seguiu em busca do especialista para resolver o seu problema. Ocorre que o médico havia mudado de endereço há duas semanas.
Havia se mudado para o edifício da frente e a sua sala agora estava alugada para um escritório de advocacia, que ainda nem tinha colocado a placa de identificação.
Chegando ao endereço, o rapaz tocou a campainha, a secretária abriu a porta e perguntou: - Em que podemos serví-lo? - Boa tarde. É que eu estou com um pequeno caroço no meu testículo esquerdo, por isso me mandaram vir aqui.
- Meu senhor, deve haver um engano. Nós aqui nós só tratamos do direito. O rapaz ficou espantado e disse: - Minha Nossa Senhora, nunca pensei que a especialização chegasse a esse ponto! Vai ser especialista desse tanto!
* Antônio Marcos Ferreira é engenheiro eletricista, aposentado da Cemig e vice-presidente da Fundação Sara.
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