Grupo WhatsApp

Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

18/04/2024 Viviane Gago

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Então, todos que lerem, o farão com a clareza de que é um texto sob a perspectiva de uma mulher muitíssimo interessada neste assunto também.

E quero inicialmente pontuar, um material que apareceu para mim por meio das mídias digitais, e que me impactou de certa forma.

Foi a entrevista que Willian Shatner fez com um dos maiores lutadores da história, Mike Tyson, e para quem não sabe quem é Willian, trata-se do ator que fez o papel do capitão Kirk na série Jornada nas Estrelas. Extrai um trecho dessa conversa entre eles para falar do tema vulnerabilidade masculina.

“Eu sempre chorei antes de uma luta, porque aquele cara não era quem eu sou em realidade, me transformava em alguém que eu não gosto, precisava me transformar em um lutador e não gostava do que esse lutador trazia com ele, além da luta: ciúmes, inveja, culpa e muitas outras qualidades ruins”, afirma Mike Tayson. 

Esse depoimento do Tyson nos permite fazer várias reflexões: “Quantos de nós se transformam em uma outra pessoa antes de começar alguma coisa na vida, por exemplo, trabalhar, se relacionar etc.? Quem é você realmente sem o crachá, o cargo, o uniforme de trabalho, os títulos etc.? Precisamos, de fato, para ter uma vida que queremos ter, nos transformar em feras? Qual o preço estamos pagando para viver, ter certa dignidade?"

A vulnerabilidade mostrada por Tyson nesta entrevista é algo importante e marcante, pois convivendo com muitos homens em minha vida, depreende-se que esse gênero não gosta muito de falar de suas lutas, dificuldades, dores, desafios, problemas etc.

Aprendi também que, para eles, é relevante não demonstrar o lado fraco que possuem, ou mesmo de um assunto ou questão, o aspecto pelo qual podem ser atacados, feridos ou mesmo lesionados física ou moralmente, ou seja, querem se afastar de riscos, fragilidades e danos.

Presto atenção que muito costumeiramente quando pergunto a um homem, “você está bem? “A resposta que muito geralmente vem é “eu sempre estou bem”.

Para o gênero masculino, por conta de aspectos culturais e até mesmo do inconsciente coletivo, este muito geralmente quer demonstrar socialmente que está por cima nos quesitos dinheiro, status, poder, saúde e sexo. Ou seja, não querem fracassar na carreira, nos esportes, na cama etc.

Quantos homens falam sobre suas dificuldades oriundas da idade mais avançada, por exemplo? Acredito que poucos. E muitos, com certa idade madura, ainda querem demostrar que estão muito bem, tudo pautado no aspecto vaidade. Acredito que alguns, quando lerem esse texto, pensarão em ao menos uma pessoa neste contexto.

Dados que assustam

A falta de comunicação dos homens está associada, por vezes, aos altos índices — e riscos — de suicídio. No mundo, os homens representam 78% de mortes por autoextermínio, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), coletados em 2019.

Já no caso do Brasil, dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, apontam que homens apresentam um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que mulheres. A taxa de mortalidade por autoextermínio em 2019 foi de 10,7 por 100 mil, enquanto a do público feminino ficou em 2,9.

Devemos acolher os homens, que por conta da construção machista e patriarcal de muitos e muitos anos, sofrem muitas vezes em silêncio sem compartilhar questões importantes envolvendo dores, fracassos e que muitas vezes para serem curadas, devem ser abertas e discutidas, eles precisam se abrir emocional e sentimentalmente para encarar essas dificuldades e encaminhá-las adequadamente. 

Sugiro assistirem um documentário, no Youtube, chamado “O silêncio dos homens”, muito ilustrativo, pois há relatos e dados reais a respeito desse tema.

É mostrado inclusive diversas iniciativas em todo o país a fim de fomentar a criação de reuniões e grupos de homens com o objetivo de compartilhar sentimentos e experiências em torno do gênero masculino e de suas construções e assim ressignificá-las.

Trata-se de um movimento de coragem e disposição para que os homens se conscientizem da importância de suas emoções, deixem a sensibilidade inata da nossa espécie aflorar e se ajudem mutuamente a construir vidas melhores, mais reais e menos mascaradas e ilusórias.

Assim como os movimentos feministas, os movimentos de reflexões sobre masculinidades, são uma importante luta pela igualdade social e de gêneros a fim de desconstruir conceitos ultrapassados, rumo a um progresso na convivência mais saudável e mais real, da sociedade como um todo.

Quem não tem questões, não é mesmo? Segundo Fritz Perls, pai da Gestalt-terapia, “é importante tocar a dor para sair do sofrimento”.

* Viviane Gago é advogada, consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com parceria do Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago Desenvolvimento Humano. 

Para mais informações sobre vulnerabilidade clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Conecte Comunicação



Para onde caminha a humanidade?

O pragmatismo está ampliando a confrontação econômica. Novas formas de produzir e comercializar vão surgindo com mais rigidez e agilidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Reforma Tributária: mudança histórica ou novo capítulo do caos fiscal

A Reforma Tributária entra na fase prática em 2026 com a criação do IBS e da CBS, que passam a incidir com alíquotas reduzidas.

Autor: Eduardo Berbigier


Austeridade fiscal, caminho obrigatório para ordem e progresso

Quando se aproximam as eleições, o brasileiro se pergunta se é possível ter um país melhor em condições de vida para todos os cidadãos. É o que se deseja.

Autor: Samuel Hanan


Impeachment não é monopólio

A decisão de Gilmar Mendes e o estrangulamento institucional.

Autor: Marcelo Aith


Nova lei da prisão preventiva: entre a eficiência processual e a garantia individual

A sanção da Lei 15.272, em 26 de novembro de 2025, representa um marco na evolução do processo penal brasileiro e inaugura uma fase de pragmatismo legislativo na gestão da segregação cautelar.

Autor: Eduardo Maurício


COP 30… Enquanto isso, nas ruas do mundo…

Enquanto chefes de Estado, autoridades, cientistas, organismos multilaterais e ambientalistas globais reuniam-se em Belém do Pará na COP 30, discutindo metas e compromissos climáticos, uma atividade árdua, silenciosa e invisível para muitos seguia seu curso nas ruas, becos e avenidas do Brasil e do mundo.

Autor: Paula Vasone


Reforma administrativa e os impactos na vida do servidor público

A Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa, elaborada por um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados (PEC 38/25) além de ampla, é bastante complexa.

Autor: Daniella Salomão


A língua não pode ser barreira de comunicação entre o Estado e os cidadãos

Rui Barbosa era conhecido pelo uso erudito da língua culta, no falar e no escrever (certamente, um dos maiores conhecedores da língua portuguesa no Brasil).

Autor: Leonardo Campos de Melo


Você tem um Chip?

Durante muito tempo frequentei o PIC da Pampulha, clube muito bom e onde tinha uma ótima turma de colegas, jogadores de tênis, normalmente praticado aos sábados e domingos, mas também em dois dias da semana.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Dia da Advocacia Criminal: defesa, coragem e ética

Dia 2 de dezembro é celebrado o Dia da Advocacia Criminal, uma data emblemática que, graças à união e à força da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), integra o calendário oficial das unidades federativas do país.

Autor: Sheyner Yàsbeck Asfóra


STF não tem interesse – nem legitimidade – em descriminalizar aborto

A temática relativa ao aborto e as possibilidades de ampliação do lapso temporal para a aplicação da exclusão de ilicitude da prática efervesceram o cenário político brasileiro no último mês.

Autor: Lia Noleto de Queiroz


O imposto do crime: reflexões liberais sobre a tributação paralela nas favelas brasileiras

Em muitas comunidades brasileiras, especialmente nas grandes cidades, traficantes e milicianos impõem o que chamam de “impostos” – cobranças sobre comerciantes, moradores e até serviços públicos, como transporte alternativo e distribuição de gás.

Autor: Isaías Fonseca