Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Intervenção militar X Intervenção social

Intervenção militar X Intervenção social

10/03/2018 Patrícia Soraya Mustafa

A perversa opção brasileira.

Estamos assistindo, desde o término do carnaval e em regime de urgência (por que será?), o pronunciamento do governo interino e de seus suspeitos apoiadores sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro, cidade do desfile da Tuiuti, da ala dos “manifestantes fantoches” e do “presidente vampiro”: meras coincidências.

Pois bem, torço para o dia em que, ao ler os jornais pela manhã, vislumbre a seguinte notícia, a de que governantes realizaram uma intensa intervenção social neste país (ilusão?), assumindo a imensa dívida social produzida e reproduzida diariamente por aqui desde o Brasil colônia, e perpetuada e aprofundada até os dias de hoje.

Não cabe nestas linhas arrolar todo este dividendo, mas cabe afirmar que o há, e que hoje se expressa, dentre outros em: milhares de brasileiros e brasileiras sobrevivendo ao desemprego estrutural; trabalhos precaríssimos, baixíssimos salários, trabalhos temporários, desprotegidos, terceirizados; falta de moradia ou moradias em péssimas condições, muitas delas fruto de políticas públicas que desconsideram quem ali vai morar, pois o mais importante é o favorecimento da empreiteira que as constrói; em cidades cujo transporte público tarda a chegar e não oferece o conforto necessário aos passageiros (conforto? Sim, conforto! Ou só tem direito a este quem usufrui de transporte privado?).

Além disso, podemos ainda mencionar a desproteção de crianças e adolescentes (futuro do Brasil?) que devem (por força de lei) ir todos os dias para as escolas, mas que nelas não encontram acolhida para suas realidades, se tornam mais um numa sala de aula lotada, ou seja, dificilmente aí ficarão.

E se ficarem, dificilmente terão suas potencialidades consideradas e desenvolvidas; jovens sem incentivos culturais, esportivos, artísticos, cujos cotidianos são marcados pela tela da TV, a veicular conteúdos alienantes e alienadores que promovem a ilusão de que pelo esforço individual a vida será melhor, como a do personagem da novela.

Ora, poderia encher estas linhas evidenciando as dívidas sociais deste país. E o Estado brasileiro, o que faz diante disso? Primeiramente, como um Estado de capitalismo tardio, ultra-liberal (vide a agenda econômica do governo interino) nega esta dívida social, e faz mais: transfere esta dívida ao pobre indivíduo trabalhador que deve acreditar que labutando arduamente todos os dias conseguirá uma vida melhor para si e sua família (como na novela).

E quando este não o faz, julga-o e o culpa pela sua condição (pobre vagabundo que não quer trabalhar!), ou, criminoso que merece cadeia! Além disso, retira dos próprios trabalhadores, via impostos diretos e indiretos, no Brasil quem paga mais imposto é quem tem menos, nossa tributação é regressiva e concentradora de renda, recursos para pagar os juros e amortizar a dívida pública que favorece, frise-se, o capital financeiro.

Ora, retira da classe trabalhadora para favorecer a reprodução de um capital fictício? Isso mesmo! Por conseguinte, sobram migalhas para se investir em saúde, educação, previdência social, assistência social, em políticas públicas de incentivo a arte e ao esporte.

Migalhas? Isso mesmo, migalhas... Para se ter uma ideia, em 2016 o orçamento público federal para a educação girou em torno de 3,7%, e o de saúde, 3,9% do montante total, ou seja, pífios investimentos.

Esta situação se agrava com a promulgação da Emenda Constitucional (EC) 95 do final de 2016, a qual congela os gastos sociais por 20 anos, o que impactará significativamente no investimento social, como podemos conferir em pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

E, assim, para “conter” esta questão social, estas injustiças não sanadas com trabalho digno e protegido, com distribuição de riquezas produzidas socialmente pelos trabalhadores e tampouco com proteção social, o Estado lança mão de velhos/atualizados métodos de criminalização, e encarceramento daqueles cujo o Estado e as elites são dividendas. Daí a intervenção militar no Rio de Janeiro! Panaceia, a triste escolha brasileira!

* Patrícia Soraya Mustafa é professora do curso de Serviço Social da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp de Franca.



Hiperjudicialização da saúde no Brasil: gargalos e soluções

A hiperjudicialização da saúde no Brasil é um fenômeno crescente que tem gerado preocupações significativas no sistema Judiciário.

Autor: Natália Soriani


Obra analisa direitos familiares sob o viés da afetividade

Com o intuito de aprofundar os aspectos constitutivos da afetividade familiar, o doutor em Direito Caio Morau assina livro em que analisa modelos de uniões cujo reconhecimento é reivindicado por setores da sociedade, como as poligâmicas, concubinárias e incestuosas.

Autor: Divulgação


Terrenos de marinha são diferentes de praia

A Proposta de Emenda à Constituição dos terrenos de marinha (PEC 3/2022), a chamada PEC das Praias, tem fomentado debates.

Autor: Fabricio Posocco


O que você precisa saber sobre pensão alimentícia

A pensão alimentícia é um direito fundamental garantido pela legislação brasileira, assegurando que dependentes, especialmente filhos menores, recebam o suporte financeiro necessário para seu sustento, educação e bem-estar.

Autor: Divulgação


A inadequação da mediação obrigatória pré-judicial

Nos últimos anos, a sobrecarga do sistema judiciário brasileiro tem provocado o debate acerca da obrigatoriedade da tentativa de solução extrajudicial de conflitos antes do ajuizamento de ações judiciais, como uma forma de comprovar o interesse de agir.

Autor: Suzana Cremasco


Novas regras de combate ao telemarketing abusivo entram em vigor

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) implementou uma série de novas medidas para combater o telemarketing abusivo, reforçando a proteção dos consumidores brasileiros.

Autor: Divulgação


Licença-maternidade sem carência para as autônomas

Foi uma decisão histórica, e com 25 anos de atraso!

Autor: Nayara Felix


Recorde de queixas contra planos de saúde e a necessidade de mudanças

Nos últimos dez anos, o Brasil testemunha um aumento alarmante nas queixas de consumidores contra planos de saúde.

Autor: Natália Soriani


Conflitos condominiais

Tipos de ações judiciais e maneiras eficientes de resolvê-los.

Autor: Divulgação


Se a doença é rara, o tratamento não pode ser

13 milhões de brasileiros convivem hoje com doenças raras, de acordo com o Ministério da Saúde.

Autor: Thayan Fernando Ferreira


O perigo da pejotização para as startups

Os recentes conflitos envolvendo a Uber e a justiça trabalhista em ações que reivindicam o vínculo de emprego de motoristas junto à empresa ganhou a atenção da sociedade e até do Palácio do Planalto.

Autor: Ricardo Grossi


Uma boa dose de bom senso em favor do trabalhador gaúcho!

O bom senso precisa falar mais alto, de tal maneira que ninguém saia ainda mais prejudicado nesta tragédia.

Autor: Sofia Martins Martorelli