Grupo WhatsApp

O renascimento democrático da Venezuela

O renascimento democrático da Venezuela

26/01/2019 Elton Duarte Batalha

No pensamento dos venezuelanos, um outro mundo é possível e desejável.

O renascimento democrático da Venezuela

Os acontecimentos da última quarta-feira (23/1) na Venezuela trazem à tona diversas questões acerca do conceito de democracia, diferença entre legalidade e legitimidade, novo momento político nas Américas e a participação do governo Jair Bolsonaro no evento. Há que se observar que o fenômeno político em vias de concretização naquele país evidencia a importância da ligação entre a vontade popular e a atuação das instituições para que um país seja, de fato democrático.

Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição a Nicolás Maduro, atual chefe do Executivo venezuelano, autoproclamou-se presidente interino do país, fazendo juramento e prometendo realizar um governo de transição até que novas eleições sejam realizadas.

É importante notar que o futuro pleito é fundamental para banhar de legitimidade democrática o novo comando demandado pela população, submetida há anos às restrições decorrentes da crise econômica e política experimentada pela Venezuela. Sendo líder atual do Legislativo, reconhece-se que Guaidó apresenta certo grau de representatividade popular a ponto de liderar o processo de transição.

As últimas eleições venezuelanas foram consideradas ilegítimas por diversos países e pela Organização dos Estados Americanos (OEA). A mencionada falta de reconhecimento internacional decorre de fatores como a perseguição à oposição (prisão de Leopoldo López, por exemplo) e denúncias de fraude. Tendo tomado posse no início de janeiro de 2019, o mandato de Maduro encerra-se em 2025. É a continuidade do governo populista iniciado por Hugo Chávez em 1999, eleito no ano anterior. O período mencionado, de cerca de 20 anos, materializa a crise do conceito de democracia no mundo contemporâneo.

No poder, Chávez passou a subverter a noção democrática a partir da modificação substancial de instituições como o Legislativo e o Judiciário, órgãos que foram cooptados pelo Poder Executivo e transformaram a separação de poderes preconizada por Montesquieu em mero simulacro no território venezuelano.

Como asseverado por Levitsky e Ziblatt na obra How democracies die, “o retrocesso da democracia hoje começa nas urnas”. Os mesmos autores, aliás, em outra excelente passagem, afirmam que “os assassinos da democracia usam as próprias instituições da democracia - gradualmente, sutilmente e até mesmo legalmente - para matá-la” (p. 5 e 8, respectivamente, em tradução livre).

As eleições, se corretamente realizadas, representam apenas o aspecto formal da democracia, cuja substância é preenchida pelo respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos. A discussão sobre o último pleito presidencial e a profunda crise social suportada pelos venezuelanos demonstram que a democracia há muito não existe verdadeiramente naquele país.

A legalidade, que significa o cumprimento das regras do sistema jurídico, não pode ser sobreposta à legitimidade, entendida como o efetivo vínculo entre os representados e os respectivos representantes, sob pena de crise estrutural no sistema político. Nesse sentido, importante observar a alegação presente na obra Ruptura, de Manuel Castells, para quem “a força e a estabilidade das instituições dependem de sua vigência na mente das pessoas” (p. 12). No pensamento dos venezuelanos, um outro mundo é possível e desejável.

O reconhecimento do governo interino de Guaidó pelos Estados Unidos, pela OEA e por diversos outros países, entre os quais o Brasil, é de fundamental relevância para a tentativa de redemocratização da Venezuela.

Para Bolsonaro, aliás, representa uma vitória importante da nova visão política esposada por seu governo, fortalecendo o papel do Brasil como líder regional e membro influente do Grupo de Lima. Há sensível simbolismo nesse evento político na Venezuela: é o marco definitivo de que novos ventos sopram sobre as Américas.

* Elton Duarte Batalha é advogado e professor de Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie, e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo.

Fonte: Imprensa Mackenzie



Imposto de Renda: quem ganha até R$5 mil realmente ficará isento?

Nova regra entra em vigor em 2026 e promete aliviar a carga tributária da classe média, mas vem acompanhada de mudanças importantes na tributação de dividendos e de altas rendas.

Autor: Divulgação


Implicações dos prazos judiciais no novo Código Civil

O regime de prazos judiciais é, indubitavelmente, um dos pilares centrais da dinâmica processual estabelecida pelo Código de Processo Civil de 2015 (Lei nº 13.105/2015).

Autor: Ellen Ketlin Machado Rocha


Isenção do IRPF: quais os benefícios e impactos?

A aprovação unânime do Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 representa um marco histórico na política tributária brasileira.

Autor: Divulgação


Quando a estética vira dor

Entrar numa cirurgia plástica costuma ser movido por desejo de transformação. Seja corrigir um traço, recuperar a autoestima, reinventar o espelho ou até mesmo por uma condição de necessidade.

Autor: Thayan Fernando Ferreira


Trabalho temporário: direitos, limites e vantagens

Com a chegada do final do ano, época de festas, férias escolares e aumento no consumo, cresce a procura pelas empresas e lojas por trabalhadores temporários em diversos setores, como comércio, turismo, restaurantes e indústrias.

Autor: Giovanna Tawada


Fake News x Liberdade de Expressão: até onde vai o limite?

O avanço das redes sociais trouxe um dilema que desafia democracias no mundo inteiro: como equilibrar o direito fundamental à liberdade de expressão com a necessidade de combater a desinformação?

Autor: Divulgação


Banco deve indenizar cliente por furtos em conta

Criminosos levaram telefone e transferiram valores por meio de aplicativo bancário.

Autor: Divulgação


Município deve indenizar empresa por queda de árvore em imóvel

TJMG confirmou decisão da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Belo Horizonte.

Autor: Divulgação


Erro de homônimo leva INSS a cancelar benefício de idoso

Casos de cancelamento indevido de benefícios previdenciários têm se multiplicado no Brasil.

Autor: Divulgação


Projeto-piloto de Secretaria unificada das Varas das Garantias em BH

A Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais (CGJ) publicou, no dia 3/09, a Portaria nº 8.547/CGJ/2025, que cria o projeto-piloto "Secretaria Unificada do Juiz das Garantias e Audiência de Custódia", na Comarca de Belo Horizonte.

Autor: Divulgação


Revisão de atividades concomitantes ainda gera erros no INSS

A revisão pode representar aumento no valor da renda mensal e até o recebimento de retroativos referentes aos últimos cinco anos.

Autor: Divulgação


STJ e a garantia tratamento contínuo de autismo nos planos de saúde

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu um passo relevante na proteção dos pacientes ao firmar o entendimento de que operadoras de planos de saúde não podem rescindir unilateralmente o contrato enquanto o beneficiário estiver em tratamento médico essencial.

Autor: José Santana dos Santos Junior